Coluna

UM TOUR POR PETRÓPOLIS

Petrópolis (RJ) - Fugindo do calor insuportável do Rio de Janeiro, fomos, eu e a Sheila, dar um passeio pela serra de Petrópolis.

Felizmente, o calorão ainda não chegou por lá.

Nossa primeira parada foi no Hotel Quitandinha (Av. Joaquim Rolla, 2). O Quitandinha é um palácio brasileiro, localizado no bairro Quitandinha, na Zona Sul de Petrópolis. Construído a partir de 1941, pelo empreendedor mineiro Joaquim Rolla para ser o maior hotel cassino da América do Sul.

Seu estilo arquitetônico utiliza o rococó hollywoodiano (internamente) e o normando-francês (externamente) - este último bastante presente na arquitetura de Petrópolis devido à colonização alemã.

O Quitandinha possui 50 mil metros quadrados e seis andares, divididos em 440 apartamentos e 13 grandes salões com até 10 metros de altura. A cúpula do Salão Mauá é a segunda maior cúpula em concreto do mundo - depois da cúpula da Basílica de São Pedro, no Vaticano - medindo 30m de altura e 50m de diâmetro. O eco gerado em seu ponto principal pode repetir a voz de uma pessoa até 14 vezes. Imagine isso com barulhos de fichas, roletas e carteados.

Até uma praia foi construída no alto da serra. Centenas de caminhões trouxeram toneladas de areia da praia de Copacabana para fazer as margens do lago, cujo fundo era recoberto por lajotas e seu desenho formava o mapa do Brasil, sendo a pequena ilha na qual está um farol, representando a Ilha de Marajó. Por aqui era possível ver guarda-sóis armados e hóspedes com trajes de banho. Hoje em dia o local não tem mais nenhuma cara de praia, mas os gramados bem cuidados são convidativos, perfeitos para um piquenique ao ar livre.

hotel quitandinha
Divulgação - 

O Quitandinha foi certamente o maior empreendimento privado realizado no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial. Para dar uma ideia do colosso, se todos os tijolos usados na construção fossem perfilados em um muro de um metro e meio de altura, ele teria quase 1.800 metros de comprimento – o mesmo da Avenida Rio Branco. Os mais de 20 mil metros quadrados de azulejos poderiam revestir todo o calçadão da Avenida Atlântica. A mesa telefônica, com 800 ramais, era a segunda maior central telefônica do país. O cassino contava ainda com uma central de energia capaz de abastecer uma cidade de 20 mil habitantes.

Passaram por seus salões estrelas do porte de Errol Flynn, Orson Welles, Lana Turner, Henry Fonda, Maurice Chevalier, Greta Garbo, Carmen Miranda, Walt Disney e Bing Crosby, entre outros. Também foi frequentado por políticos como Getúlio Vargas e Evita Perón e o presidente dos Estados Unidos da América, Harry S. Truman. Nas suas dependências ocorreu a assinatura da declaração de guerra dos países americanos ao Eixo, durante a Segunda Guerra Mundial.

Em 30 de maio de 1946, o presidente Eurico Gaspar Dutra decretou a proibição do jogo no Brasil, o que afetou um dos principais chamarizes do Quitandinha.

Dalí, fomos à Cervejaria Bohemia (Rua Alfredo Pachá, 166). Quem entra na Cervejaria Bohemia, imediatamente se apaixona pelo universo da cerveja. A visita oferece a experiência cervejeira mais completa da América Latina. O Tour apresenta a história da cerveja, o seu processo de produção e ingredientes que levam os visitantes a experiências sensoriais únicas e degustações exclusivas.

Você também pode visitar a lojinha de artigos ligados à cervejaria e levar pra casa canecas, copos e diversos tipos de garrafas de cervejas. Por fim, fomos almoçar no restaurante da cervejaria. Comemos um peixe maravilhoso, acompanhado de cervejas artesanais super geladas.

Nossa próxima parada foi no Crystal Palace (Rua Alfredo Pachá s/n, Petrópolis), uma icônica estufa construída com ferro e vidro como presente para a princesa Isabel no século 18, foi inaugurado em 1884 para abrigar exposições de flores, pássaros e produtos agrícolas. Sua estrutura pré-moldada, em ferro fundido, foi encomendada a uma fundição na França pelo Conde D`Eu, sendo montada em Petrópolis pelo engenheiro Eduardo Bonjean. O lugar hoje recebe eventos culturais e exposições.

O Palácio Imperial (Rua da Imperatriz, 220) foi o nosso próximo destino. O Museu Imperial, popularmente conhecido como Palácio Imperial, é um museu histórico-temático localizado no centro histórico da cidade de Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro, no Brasil. Está instalado no antigo Palácio de Verão do imperador brasileiro Dom Pedro II.

O acervo do museu é constituído por peças ligadas à monarquia brasileira, incluindo mobiliário, documentos, obras de arte e objetos pessoais de integrantes da família imperial.

Na coleção de pinturas, destacam-se a "Fala do Trono", de autoria de Pedro Américo, representando Dom Pedro II na abertura da Assembleia Geral, e o último retrato de Dom Pedro I, pintado por Simplício Rodrigues de Sá.

Particularmente importantes são as jóias imperiais, com a coroa de Dom Pedro II, criada por Carlos Marin especialmente para a sagração e coroação do jovem imperador, então com 15 anos de idade, e a coroa de dom Pedro I, além de diversas outras peças raras e preciosas, como o cofre de bronze dourado e porcelana oferecido pelo rei de França Luís Filipe I a seu filho Francisco Fernando de Orléans, príncipe de Joinville, por ocasião de seu casamento com a princesa dona Francisca; o colar de ouro, esmeraldas e rubis com insígnias do império que pertenceu à imperatriz Dona Leopoldina, e o colar de ametistas da Marquesa de Santos, presente de dom Pedro I.

Também se destaca a Pena Dourada usada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888 para assinar a Lei Áurea, que pesa 13 gramas e foi adquirida pelo Museu Imperial, em 2006, por R$ 500 mil; adquirida de Dom Pedro Carlos de Orleans e Bragança, bisneto da princesa.

A poucos metros dali, visitamos a Catedral de São Pedro de Alcântara (Rua São Pedro Alcântara, 60). Construção em estilo neogótico francês, no seu interior destaca-se o mausoléu onde estão os restos mortais da Família Imperial (Dom Pedro II, dona Teresa Cristina, Princesa Isabel e o Conde D`Eu - seu primogênito; D. Pedro de Alcântara e sua esposa D. Elisabeth). Na catedral, podem ser vistas esculturas de Jean Magrou, Bertozzi, vitrais e pinturas de Carlos Oswald.

Próxima parada: Museu Casa de Santos Dumont (Rua do Encanto, 22), no centro, próximo ao Relógio das Flores. O Museu Casa de Santos Dumont, mais conhecido como “A Encantada”, é uma pitoresca residência incrustada em uma localidade íngreme na cidade, construída em 1918 com ajuda do engenheiro Eduardo Pederneiras.

A casa possui algumas peculiaridades, como uma de suas últimas invenções que é o chuveiro com água quente, o único do Brasil àquela época, sendo aquecida a álcool, e também a escada externa onde se pode somente começar a subir com a perna direita, e a interna que se pode somente começar a subir com a perna esquerda, e a própria arquitetura da casa onde não é utilizada divisórias entre os cômodos. Na casa não há cozinha e Santos-Dumont ligava para o restaurante Palace Hotel entregar sua comida.

A casa possui três andares, além de um observatório, por sobre o telhado. O segundo livro do aviador, a obra “O que eu vi, o que nós veremos”, foi escrito nessa casa em 1918. Após a morte de Santos-Dumont, a casa foi doada pelos seus sobrinhos à Prefeitura de Petrópolis para que "fosse instalada uma instituição que mantivesse sua memória."

Em 14 de julho de 1952 a casa foi tombada pelo IPHAN e hoje faz parte do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

E o nosso tour acabou na famosa Rua Teresa. Localizada no centro da cidade de Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro, é considerada o maior polo de moda da região Serrana, com mais de 1200 lojas.

Ediel Ribeiro (RJ)

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Ediel Ribeiro é carioca. Jornalista, cartunista e escritor. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) do romance "Sonhos são Azuis". É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG). Autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty" publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ) e Editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!". O autor mora atualmente no Rio de Janeiro, entre um bar e outro.

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