Coluna

A REVOLUÇÃO DOS BICHOS

“Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais do que outros.” 
(George Orwell)

Rio -  Em um dos maiores e mais controversos clássicos da literatura mundial, George Orwell opta pela fábula para contar uma história que não se limita a retratar os horrores de seu tempo, mas também prevê terrores do futuro.

Em uma narrativa premonitória, o autor conta a história de animais que submetidos à vida dura que lhes impõe o Sr. Jones - proprietário da Fazenda do Solar - os bichos, inspirados nas idéias de Major, um porco velho e sábio e cansados da opressão, organizam uma revolução contra os humanos.

Reprodução

Depois de perceber que os louros de todo seu duro trabalho acabam nas mãos dos humanos, os animais da fazenda organizam uma revolução e tomam o controle do lugar. 

Com a revolução dos bichos, surge então a esperança de uma sociedade em que todos os animais sejam iguais, trabalhando e desfrutando do bem comum.

Mas, nem tudo é tão simples como parece. Além de enfrentar os humanos, os animais precisarão lidar com as divergências entre eles.

Com a morte de Major, o mentor da revolução, a causa passa a ser liderada por outros dois porcos, Bola de Neve e Napoleão, que eram vistos, de forma geral, como os animais mais inteligentes. 

Guiados pela doutrina do Animalismo, transmitida a eles pelo Major, os animais apagam os últimos vestígios do domínio humano na fazenda. A fazenda passa a se chamar Fazenda Animal e passa a ser regida por sete mandamentos criados pelo Major.

São eles:
1. Tudo que anda em duas pernas é inimigo.
2. Tudo que anda sobre quatro patas, ou tem asas, é amigo.
3. Nenhum animal deverá usar roupas.
4. Nenhum animal deverá dormir numa cama.
5. Nenhum animal deverá beber álcool.
6. Nenhum animal deverá matar outro animal.
7. Todos os animais são iguais.

Mas, o que eles não sabiam, é que alguns animais são mais iguais do que os outros, e logo todos os vícios humanos se reproduzem.

Napoleão, o porco mais cruel, acaba por expulsar Bola de Neve dos domínios da fazenda, sob a acusação genérica de deslealdade e desobediência.

Traindo os ideais do Animalismo, Napoleão começa a negociar com os humanos das fazendas da vizinhança e os animais passam a trabalhar como escravos para o novo líder.

Bola de Neve não é mais visto, mas, mesmo assim, Napoleão usa a imagem do adversário e teorias conspiratórias para apavorar os outros animais.

A Revolução dos Bichos é um retrato nu e cru do autoritarismo, onde Orwell nos mostra que em nome das melhores intenções se praticam as piores barbaridades.

Sem deixar de lado seus ideais sociais-democrático, George Orwell sempre lutou contra injustiças, dentro e fora dos livros. Com este conto de fadas político, publicado em 1945, o autor fez uma crítica afiada à ameaça totalitária que acompanha grupos que ascendem ao poder – e que, assoberbados pela autoridade, lá resolvem se manter a qualquer custo.

A edição luxuosa da Intrínseca conta com prefácio escrito pelo próprio Orwell - um prefácio-bônus para a edição ucraniana de 1974, comentando a instrumentalização de sua obra como panfleto anticomunista - e ilustrações do genial Ralph Steadman.

*Livro enviado pela editora INTRÍNSECA

Ediel Ribeiro (RJ)

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Coluna do Ediel

Ediel Ribeiro é carioca. Jornalista, cartunista e escritor. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) do romance "Sonhos são Azuis". É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG). Autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty" publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ) e Editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!". O autor mora atualmente no Rio de Janeiro, entre um bar e outro.

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