- Marineth, esta centésima crônica postada n’O Folha de Minas dedico, com muita honra, à memória do educador e filósofo Paulo Freire, o Patrono da Educação Brasileira, que neste 2021 tem a marca simbólica do seu centenário de nascimento. Destacou-se pelo trabalho na área da educação popular, voltada tanto pela escolarização como para a formação da consciência política e, no mundo, é considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia. Trata-se do brasileiro com mais honrarias da história, recebendo mais de três dezenas de títulos de Doutor Honoris Causa de universidades, inclusive no exterior e, além disso, diversos galardões como o prêmio da UNESCO de Educação para a Paz, em 1986.
- Athaliba, nessa atual conjuntura, principalmente na área da educação, é imperativo ter presente na memória Paulo Freire e, creia, para sempre. Neste desgoverno do mito pés de barro, arrogante e prepotente no trono da presidência da República, dois ex-ministros da Educação tão no lixo da história: Ricardo Rodriguez e Abraham Weintraub.
- Marineth, a vida e a obra de Paulo Freire indicam a indignação dele contra as injustiças sociais que negam a humanização; voltadas por sua concepção política a favor dos oprimidos. No exílio, no Chile, em 1968, perseguido pela ditadura civil-militar (1964-1985), lançou “Pedagogia do oprimido”, considerado o livro mais importante de sua obra literária. Acusado de subverter a ordem instituída e, após ser preso, seguiu para o exílio no Chile, onde trabalhou como assessor do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e do Ministério da Educação.
- Athaliba, ele lecionou em importantes universidades, como UNICAMP e PUC/SP, a partir de 1980, depois de 16 anos exilado. Em 1989, na gestão da prefeita petista Luiza Erundina, assumiu a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, trabalhando na revisão curricular e na implantação de programas de alfabetização de jovens e adultos, além da recuperação salarial dos professores, desde sempre, como trabalhadores de outras categorias, sob arrocho salarial.
- Sim, Marineth. Paulo Reglus Neves Freire nasceu dia 19/9 de 1921 em Recife e faleceu no dia 2/5 de 1997, em São Paulo; filho de Joaquim Temístocles Freire, capitão da Polícia Militar de Pernambuco, e de Edeltrudes Neves Freire. Graduado advogado pela Faculdade de Direito de Recife/Pernambuco, ele foi professor do Colégio Oswaldo Cruz, diretor de Educação e Cultura e ainda, superintendente do SESI. Junto com outros educadores fundou o Instituto Capibaribe.
- Athaliba, em 1944, ele casou com Elza Maia Costa de Oliveira, que morreu em 1986. Em 1988 uniu-se em matrimônio com Ana Maria Araújo, pernambucana e sua colega desde a infância e que era orientada por ele no programa de mestrado da PUC/SP. Ao receber da instituição o título de Doutor Honoris Causa, ele dedicou a honraria as esposas, registrando “à memória de uma e à vida da outra”.
- Marineth, no governo do presidente João Goulart - setembro de 1961 a abril de 1964 -, Paulo Freire coordenou o Programa Nacional de Alfabetização, usando o método criado por ele e cuja meta era contemplar cinco milhões de adultos. No entanto, o programa foi extinto pelo golpe civil-militar de 1964, menos de três meses após ter sido oficializado. Em abril de 1997, dias antes de morrer de ataque cardíaco, devido a complicações numa cirurgia de desobstrução de artérias, o renomado professor e escritor lançara o livro “Pedagogia da autonomia”. Em 2009, no Fórum Mundial de Educação Profissional, em Brasília, representantes do Ministério da Justiça, pediram perdão post mortem à viúva e à família de Paulo Freire. “o educador voltado para as questões do povo”.
- Athaliba, em 1991 foi fundado, em São Paulo, o Instituto Paulo Freire, com a finalidade de estender e elaborar as ideias do educador. Além de guardar e preservar os arquivos, o instituto realiza atividades relacionadas com o legado dele e a atuação em temas da educação brasileira e mundial. A lei 12.612 de 13 de abril de 2012, de autoria da então deputada Luiza Erundina, tornou Paulo Freire o nosso Patrono da Educação Brasileira.
- Marineth, quero deixar registrada neste final da crônica a frase lapidar de Paulo Freire: “Seria uma atitude muito ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que permitissem as classe dominadas perceberem as injustiças sociais de forma crítica”.
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