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Ramagem nega espionagem ilegal a ministros do STF e TSE durante governo Bolsonaro

Ex-diretor da Abin afirma não ter autorizado monitoramentos e contesta acusações da Polícia Federal no inquérito sobre a tentativa de golpe em 2022

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Fellipe Sampaio / STF - 

Brasília - O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, negou nesta segunda-feira (9) ter utilizado a estrutura do órgão para realizar monitoramento ilegal da rotina de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante o governo Jair Bolsonaro. Ramagem, que atualmente é deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro, foi interrogado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal que investiga uma suposta trama golpista para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022.

Durante o depoimento, Ramagem afirmou que “nunca utilizei monitoramento algum pela Abin de qualquer autoridade. Ao contrário do que foi colocado em comunicação, nós não tínhamos a gerência de sistemas de monitoramento”. Ele também rebateu as acusações relacionadas ao uso do programa de espionagem Firstmile, afirmando que o sistema deixou de ser utilizado pela Abin em 2021, um ano antes do período apontado pelas investigações da Polícia Federal (PF).

“É mais uma indução a erro do juízo pela Polícia Federal. Mesmo assim, eles [investigadores] colocaram no relatório da PF. Com certeza, para empurrar o Ramagem para essa questão de golpe indevidamente”, declarou o ex-diretor.

Outro ponto questionado foi a suposta entrega de arquivos para Bolsonaro contendo informações que embasariam ataques às urnas eletrônicas. Ramagem negou, dizendo que “escrevia textos privados que me concatenavam alguma ideia para, se possível, em algum momento, ter algum debate”.

O interrogatório ocorre no contexto das investigações sobre o chamado “núcleo crucial” da tentativa de golpe que envolveria militares, membros do governo Bolsonaro e aliados políticos. Até o próximo dia 13, estão previstos depoimentos de autoridades como o ex-presidente Jair Bolsonaro, o general Walter Braga Netto e os ex-ministros Anderson Torres, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira.

Na manhã desta segunda-feira, o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, confirmou em depoimento que o ex-presidente tinha conhecimento da minuta do plano golpista, reforçando o teor das investigações conduzidas pelo STF.

A ação penal é parte do inquérito das fake news e da apuração dos atos antidemocráticos que marcaram o período pós-eleitoral de 2022. O ministro Alexandre de Moraes coordena as investigações que buscam esclarecer o envolvimento de agentes públicos e privados em ameaças à ordem democrática brasileira.

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