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Nova tarifa dos EUA sobre aço preocupa governo brasileiro e indústria

geraldo alckmin
Foto: Cadu Gomes / VPR  - 

Brasília - O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, classificou como "ruim para todo mundo" a nova tarifa imposta pelos Estados Unidos sobre o aço e o alumínio importados, que dobrou de 25% para 50%. A medida foi anunciada pelo governo do ex-presidente Donald Trump, que retomou o segundo mandato com uma política econômica fortemente protecionista, focada na reindustrialização do país.

Durante evento em Arinos (MG), nesta quarta-feira (4), Alckmin destacou que a decisão afeta não apenas o Brasil, mas o comércio global de insumos siderúrgicos. “Vai encarecer os produtos. Isso prejudica a cadeia produtiva em vários países, inclusive a americana, que importa semiacabados do Brasil para a fabricação de automóveis, motores e aeronaves”, disse.

Alckmin também lembrou que o Brasil mantém tarifa zero para oito dos dez principais produtos exportados pelos EUA ao país e defendeu o diálogo como caminho para resolver o impasse. Um grupo de trabalho bilateral foi formado, com participação dos ministérios brasileiros da Indústria e das Relações Exteriores, e do Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR).

Impacto nas empresas brasileiras

A Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) manifestou preocupação com o impacto econômico da nova tarifa e cobrou do governo ações estruturadas e emergenciais. Em nota, a entidade defendeu o fortalecimento dos instrumentos de defesa comercial e uma estratégia de longo prazo para reposicionar o Brasil nas cadeias globais.

Já o Instituto Aço Brasil ressaltou que a tarifa pode afetar negativamente a própria indústria norte-americana. “As siderúrgicas dos EUA consumiram quase 6 milhões de toneladas de placas de aço em 2024, sendo que 3,4 milhões vieram do Brasil. Sem o acordo de cotas, ambas as economias perdem”, disse a entidade, que também defendeu a retomada do diálogo diplomático para restaurar o mecanismo que permite a entrada de aço brasileiro isento de tarifas até determinado limite.

A decisão do governo Trump se insere em uma série de medidas protecionistas adotadas nos últimos meses, sob o argumento de proteger empregos e impulsionar a indústria interna dos EUA. A elevação das tarifas a 50% ocorre menos de três meses após o anúncio anterior, que já havia imposto um tributo de 25% sobre os mesmos produtos.

Apesar de ser direcionada a todos os países exportadores, a medida atinge especialmente o Brasil, que é um dos principais fornecedores de aço semiacabado aos EUA — produto fundamental na cadeia de produção industrial norte-americana.

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