Agenda apreendida com grupo criminoso menciona ministros do STF e senador Rodrigo Pacheco
PF investiga possíveis ameaças e espionagem contra autoridades; grupo é acusado de formar rede de extermínio e vigilância ilegal

Brasília - Durante a sétima fase de uma operação da Polícia Federal (PF), agentes apreenderam uma agenda com menções aos ministros Cristiano Zanin e Alexandre de Moraes, ambos do Supremo Tribunal Federal (STF). A agenda estava com integrantes de um grupo investigado por formar uma organização criminosa especializada em espionagem ilegal e homicídios por encomenda.
Segundo revelou o portal UOL, e confirmado pelo g1, não há no material apreendido detalhes sobre o tipo de ação que o grupo pretendia executar contra os ministros. Zanin é o relator do caso que levou à investigação dos cinco militares envolvidos. Já Alexandre de Moraes conduz os inquéritos relacionados à tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023.
O nome do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ex-presidente do Senado, também aparece nos documentos analisados pela PF, com indícios de que ele era monitorado pelo grupo. Em nota, o parlamentar declarou que os suspeitos agiam “como se o Brasil fosse uma terra sem lei”.
Grupo mantinha tabela de preços para espionar autoridades
Além da agenda, os investigadores encontraram uma tabela de valores atribuídos à espionagem de autoridades:
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• Ministros do STF: R$ 250 mil
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• Senadores: R$ 150 mil
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• Deputados federais: R$ 100 mil
O grupo se autodenominava “Comando C4” — sigla para Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos — e era formado por militares da ativa, da reserva e civis. O nome e a estrutura sugerem motivações políticas e ideológicas extremistas, como indicam as mensagens encontradas pelos investigadores.
A PF chegou até a organização criminosa durante investigações sobre um suposto esquema de venda de decisões judiciais envolvendo tribunais do Mato Grosso e o Superior Tribunal de Justiça (STJ). A descoberta do núcleo de extermínio e espionagem ocorreu paralelamente.
Governo e STF reagem com cautela
O ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU) declarou, em entrevista ao blog de Andréia Sadi, que o governo vê com “muita preocupação” o surgimento recorrente de organizações criminosas movidas por extremismo político e discursos de ódio nas redes sociais, que atentam contra a vida de autoridades.
O presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, adotou tom reservado. “A apuração é sigilosa e está em fase inicial. Não é hora, ainda, de formular conclusões”, afirmou.
Até o momento, cinco mandados de prisão foram cumpridos nesta fase da operação, e a investigação segue sob sigilo.
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