Brasil

PF encontra novas provas de plano golpista: agente afirmou que se preparava para prender Moraes

Celular de policial revela mensagens sobre articulações violentas para impedir posse de Lula e atacar ministros do STF

José Cruz / ABR - 

Brasília - A Polícia Federal (PF) informou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que novas provas da tentativa de golpe de Estado no fim do governo de Jair Bolsonaro foram descobertas após a análise do celular do policial federal Wladmir Matos Soares, preso em 2023 por ordem do próprio Moraes.

De acordo com relatório enviado ao STF, Wladmir teria atuado como "elemento auxiliar" no plano golpista chamado Punhal Verde-Amarelo, que, segundo as investigações, previa o assassinato de autoridades como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Moraes, além da subversão violenta da ordem institucional.

“A gente estava preparado pra isso, inclusive. Para ir prender o Alexandre Moraes. Eu ia estar na equipe”, disse o policial em um dos áudios obtidos pela investigação.

Conversas revelam planos para impedir posse e atacar STF

Nas mensagens extraídas do aparelho, trocadas entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023 — período da diplomação e posse de Lula e dos atos golpistas de 8 de janeiro —, Wladmir revela frustração com a recusa das Forças Armadas em aderir ao plano.

"Os generais se venderam ao PT no último minuto que a gente ia tomar tudo. A gente ia empurrar meio mundo de gente, pô. Matar meio mundo de gente", afirmou o agente, demonstrando disposição para agir com violência.

Em outra mensagem, ele se descreve como membro de uma “equipe de operações especiais” que estava armada e pronta para agir em defesa de Bolsonaro.

“Esperávamos só o ok do presidente, uma canetada para a gente agir”, afirmou o policial, que expressou decepção com a fuga de Bolsonaro para os Estados Unidos antes da consumação do plano.

Ameaças explícitas contra Moraes

As conversas também trazem ameaças explícitas contra Alexandre de Moraes, criticado por ter barrado a nomeação de Alexandre Ramagem à direção da PF no início do governo Bolsonaro.

“Tinha que ter cortado a cabeça dele, era ali”, disse Wladmir, em tom de revolta com a decisão do ministro, que também é relator de processos que envolvem as tentativas de golpe e os atos antidemocráticos de 8 de janeiro.

STF decidirá se transforma acusados em réus

Na próxima terça-feira (20), a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal decidirá se Wladmir Soares e outros 11 militares envolvidos na trama golpista se tornarão réus. Eles fazem parte do núcleo 3 da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que os acusa de planejar ações táticas para a execução do golpe.

As investigações continuam sob sigilo, mas  os novos elementos reforçam o envolvimento direto de setores da segurança pública e militares na articulação para desestabilizar o Estado Democrático de Direito.

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