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Empresário investigado por fraudar o INSS já foi condenado por golpe semelhante no DF

Domingos Sávio de Castro, dono de empresas envolvidas na Operação Sem Desconto, atuava como "falso corretor" em esquema que prejudicou idosos e servidores públicos

Tania Rego / ABR - 

Brasília –  O empresário Domingos Sávio de Castro, atualmente investigado por envolvimento em fraudes contra beneficiários do INSS, já foi condenado anteriormente por estelionato em um esquema semelhante, no Distrito Federal. Ele é apontado como sócio das empresas de telemarketing Callvox e TrueTrust Call Center, que prestavam serviços a associações suspeitas de promover descontos indevidos em aposentadorias e pensões. O caso mais recente é alvo da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU).

Segundo apuração da Agência Brasil, Castro já havia sido alvo da Operação Strike, deflagrada pela Polícia Civil do Distrito Federal em dezembro de 2018. À época, o inquérito investigava um grupo criminoso que aplicava golpes contra servidores públicos, principalmente idosos, por meio da falsa oferta de precatórios e seguros de vida.

Durante as diligências, a polícia apreendeu com Castro um documento de 34 páginas contendo dados pessoais e funcionais de mais de mil servidores públicos do DF, além de mídias com arquivos sigilosos e materiais de entidades investigadas por práticas ilícitas. Testemunhas o reconheceram como o responsável direto por enganar vítimas, oferecendo supostos serviços de saúde e seguros de vida em troca de comissões ilegais.

Uma das vítimas relatou que Castro frequentou sua casa entre 2017 e 2020 e ganhou sua confiança, a ponto de ela assinar vários documentos sem compreender do que se tratavam. Ela só percebeu o golpe ao identificar os descontos não autorizados em seu benefício do INSS. Outra vítima, falecida em 2015, teve descontos desde 2008. Após a morte, a filha tentou acionar Castro, que alegou que só poderia pagar o "auxílio funeral", mas nunca cumpriu a promessa.

Apesar de negar envolvimento direto com as associações investigadas, Castro foi condenado em novembro de 2023 a três anos e 11 meses de reclusão em regime aberto por estelionato. O juiz Marcio Evangelista Ferreira da Silva, responsável pela sentença, afirmou: “Domingos atua na organização criminosa como corretor, praticando efetivamente o ardil na residência das vítimas.”

O regime aberto permite que o condenado trabalhe ou exerça outras atividades, desde que se recolha à noite e nos dias de folga. O magistrado justificou a pena alternativa afirmando que seria socialmente mais recomendável do que a prisão.

A promotora de Justiça Fabiana Giusti, que atuou no caso, afirmou em entrevista recente: “Ele era um dos réus que atuavam como corretores do esquema. Em geral, eram estes que iam até às vítimas e as enganavam em troca de comissões.” Segundo ela, os "corretores" recebiam o valor das duas primeiras mensalidades descontadas e até 15% do que continuava sendo cobrado.

A Operação Sem Desconto, deflagrada no fim de abril, apura um esquema nacional de descontos indevidos em benefícios do INSS, envolvendo associações de fachada e empresas terceirizadas de teleatendimento. O empresário Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, também é investigado como um dos principais articuladores do esquema.

A defesa de Domingos Sávio de Castro informou que está recorrendo da condenação no DF, mas não comentou o envolvimento dele na nova operação federal. 

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