Mercado reduz previsão de inflação para 5,55% e mantém expectativa de crescimento de 2% do PIB em 2025
Selic pode subir a 15% ainda este ano e dólar deve chegar a R$ 5,90, segundo projeções do Boletim Focus

Brasília - O mercado financeiro reduziu a expectativa para a inflação oficial do Brasil em 2025, passando de 5,57% para 5,55%, de acordo com o Boletim Focus divulgado nesta terça-feira (22) pelo Banco Central. A pesquisa, realizada semanalmente junto a instituições financeiras, também manteve a previsão de crescimento de 2% para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.
Para os anos seguintes, as projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apontam leve alta: 4,51% em 2026, 4% em 2027 e 3,78% em 2028. A expectativa para 2025 preocupa, já que supera o teto da meta de inflação estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), fixada em 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo — ou seja, com limites entre 1,5% e 4,5%.
Em março, o IPCA registrou alta de 0,56%, pressionado principalmente pelos alimentos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mesmo assim, a inflação desacelerou em relação a fevereiro, quando avançou 1,31%. No acumulado de 12 meses, a inflação atingiu 5,48%.
Selic deve subir para 15% até dezembro
A taxa básica de juros, a Selic, hoje em 14,25% ao ano, poderá chegar a 15% até o fim de 2025, conforme projeções do mercado. O Comitê de Política Monetária (Copom) indicou, em seu último comunicado, que novos aumentos podem ocorrer em "menor magnitude" já na reunião de maio.
O BC avalia que a economia brasileira segue aquecida, apesar de alguns sinais de moderação no crescimento, e alerta para a possibilidade de pressão persistente na inflação de serviços. De acordo com especialistas da XP Investimentos, a manutenção da inflação alta em serviços dificulta o trabalho do BC no controle inflacionário sem prejudicar ainda mais o crescimento econômico.
A elevação da Selic é o principal instrumento para conter a inflação. Juros mais altos encarecem o crédito, desestimulam o consumo e incentivam a poupança. Contudo, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), taxas de juros elevadas também podem restringir o crescimento econômico e aumentar o endividamento das famílias.
Para 2026, 2027 e 2028, as expectativas são de redução gradual da Selic para 12,5%, 10,5% e 10% ao ano, respectivamente.
PIB deve crescer 2% em 2025, dólar pode alcançar R$ 5,90
O Boletim Focus manteve a previsão de crescimento de 2% para o PIB brasileiro em 2025, mesma estimativa para 2027 e 2028. Já para 2026, a expansão prevista é um pouco menor, de 1,7%. Em 2024, a economia nacional cresceu 3,4%, segundo dados recentes do IBGE, consolidando o quarto ano consecutivo de expansão — o melhor desempenho desde 2021, quando o PIB subiu 4,8%.
No câmbio, o dólar deve encerrar 2025 cotado a R$ 5,90, subindo levemente para R$ 5,95 no final de 2026, refletindo a instabilidade global e as incertezas fiscais internas. Segundo análise do Bradesco, o cenário cambial continua pressionado tanto por fatores externos, como juros altos nos Estados Unidos, quanto pelas dificuldades do governo brasileiro em avançar com medidas de controle fiscal.
Expectativas futuras
Os próximos meses devem ser de atenção redobrada para o comportamento da inflação e a condução da política monetária. Caso a inflação de serviços não ceda, o Banco Central pode ser obrigado a manter juros elevados por mais tempo, impactando a atividade econômica.
Comentários