São Paulo - Num país onde, nos últimos anos, a arte e a cultura andou abandonada e até criminalizada, é natural que existam nas grandes cidades teatros, bibliotecas, livrarias e museus pouco conhecidos ou até mesmo desconhecidos da maioria dos habitantes.
No último fim de semana, em um passeio pela Vila Mariana, em São Paulo, descobrimos, eu e a Sheila, um desses lugares: o Museu Lasar Segall.
O Museu, instalado na primeira casa modernista construida no Brasil, a antiga residência e ateliê do artista, na Rua Berta, 111 - uma ruazinha residencial escondida no bairro da Vila Mariana, em São Paulo - foi projetada em 1932, por seu concunhado, o arquiteto de origem russa Gregori Warchavchik que era casado com Mina Klabin (irmã de Jenny Klabin), cunhada de Lasar.
Lasar Segall foi um pintor, escultor e gravurista judeu nascido em Vilnius, no território da atual Lituânia, em 21 de julho de 1889 e morto, vitima de problemas cardíacos, em 1957, em sua casa, em São Paulo, aos 68 anos.
O trabalho de Segall teve influências do impressionismo, expressionismo e modernismo. Seus temas mais significativos foram representações pictóricas do sofrimento humano: a guerra e a perseguição.
No ano de 1923, Lasar Segall mudou-se definitivamente para o Brasil. Já era um artista conhecido. Contudo, foi aqui que, segundo suas próprias palavras, sua arte ganhou o "milagre da luz e da cor". Foi um dos primeiros artistas modernistas a expor no Brasil.
Criado como uma associação civil sem fins lucrativos, em 1967, por seus filhos Maurício e Oscar, em 1985, o Museu foi incorporado à Fundação Nacional Pró-Memória, integrou até 2009 o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) do Ministério da Cultura, como unidade especial. A partir de 2010 converte-se em uma das unidades museológicas do recém criado Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), Ministério da Cultura.

Além de seu acervo museológico, o Museu constitui-se como um centro de atividades culturais, oferecendo programas de visitas monitoradas para escolas, cursos e oficinas nas áreas de gravura, fotografia e criação literária, programação de cinema.
O Museu abriga a Biblioteca Jenny Klabin Segall, que possui a mais completa documentação sobre a vida e a obra de Lasar Segall e mantém acervo único nas áreas das Artes do Espetáculo (Cinema, Teatro, Rádio e Televisão, Dança, Ópera e Circo) e de Fotografia e o Cine Segall.
O Cine Segall - onde assistimos “Anora”, ganhador do Oscar de melhor filme, - é uma das atrações do museu. A programação da sala é eclética. Além dos filmes do circuito, há sessões no início da tarde dedicadas a mostras temáticas e filmes cults.
O cinema apresenta filmes como os que integram o Festival Varilux de Cinema Francês, com títulos como "O Nascimento do Impressionismo", "Madame Durocher" e "A Favorita do Rei". Além de uma mostra temática que destaca o cinema alemão produzido por mulheres, com filmes de Margarethe von Trotta, Maren Ade, Maria Speth, Maria Schrader, Nora Fig Scheidt e Eline Gehring.
Vale a pena conhecer o Museu Segall, um pouco da obra e da vida de Lasar Segall e, de quebra, assistir a um bom filme.
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