Bolsonaro pressionou ministro da Defesa para insinuar fraude nas urnas, revela Cid
Ex-ajudante de ordens afirma que ex-presidente insistiu para que relatório militar sugerisse possibilidade de fraude no sistema eleitoral
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Brasília - O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro, revelou que Bolsonaro pressionou o general Paulo Sérgio Nogueira, à época ministro da Defesa, para que um relatório oficial sugerisse a possibilidade de fraude nas urnas eletrônicas. Essa informação consta nos depoimentos de delação premiada de Cid, cujo sigilo foi levantado recentemente pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Em novembro de 2022, o Ministério da Defesa encaminhou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um relatório no qual técnicos das Forças Armadas concluíram não haver evidências de fraudes no pleito presidencial daquele ano. Contudo, o documento não descartou completamente a possibilidade de inconsistências nas urnas eletrônicas. Segundo Cid, Bolsonaro insistiu para que o general Paulo Sérgio Nogueira incluísse no relatório indicações de possíveis fraudes. "Na verdade, ele [Bolsonaro] queria que escrevesse que tivesse [houve] fraude. Então, foi feita uma construção, uma discussão, e o que acabou saindo foi que não poderia comprovar porque não era possível auditar. Acabou sendo um meio-termo do que o presidente queria e o que o general fez com o trabalho técnico", afirmou Cid em seu depoimento.
Após a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e outros 33 investigados no chamado "Inquérito do Golpe", a defesa do ex-presidente manifestou-se. O advogado Paulo Cunha Bueno declarou que Bolsonaro "jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou das instituições que o pavimentam".
Em resposta à denúncia, a defesa de Bolsonaro solicitou ao STF um prazo adicional de 83 dias para apresentar sua manifestação, argumentando a necessidade de acesso completo aos autos do processo para uma defesa adequada.
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