Coluna

LUTAR É VIVER, VIVER É LUTAR

Juiz de Fora (MG) - Para construir um futuro, de uma maneira ou outra nós planejamos, partimos de alguma coisa. Pode ser de uma ideia, pode ser copiando a suposta trajetória vitoriosa de alguém, enfim, mil caminhos. Nesse ponto, chegamos ao x da questão: mil caminhos. As possibilidades são muitas e as oportunidades nem tanto. Resta saber como criar as oportunidades para aplicar as possibilidades.

Existe uma cultura, acho que natural em nós mesmos, de insistir no mesmo ponto, porque acreditamos naquela porta de saída para alguma coisa. E isso, normalmente, é baseado no fato de que alguém conseguiu por aquele trajeto construir sua trajetória. Então, por que não seguir os seus passos? 

A diferença está no fato de que as oportunidades aparecem para alguns: aos visionários e aos oportunistas. No último caso, aqueles que provocam as oportunidades, dentro das suas possibilidades, sorrateiras ou expostas à luz do sol.

No mercado financeiro, existe um fenômeno que é conhecido como efeito de manada. De repente, alguém descobre um filão e todos seguem atrás. É claro que os perdedores serão muitos, porque, em tese, chegam por último. Não são nem oportunistas e nem visionários, apenas seguem o fluxo.

Foto: Sven Vahaja na Unsplash - 

Talvez um dos grandes achados seja encontrar um caminho para onde ninguém está olhando. Essa é a perspectiva do visionário. Tenta achar uma porta que ninguém está enxergando, em uma parede, aparentemente, compacta, intransponível. Os oportunistas seguem os visionários, escondidos nas suas sombras. Seres que estão sempre buscando o que os outros fazem e não buscando seus próprios caminhos. Enquadro os oportunistas naqueles que seguem os passos dos outros e manejam uma manada. 

Qual a lição disso? Que se não trocamos a direção de alguma coisa acabamos no mesmo ponto de partida: sem nada, apenas colhemos restos. 

Viver é olhar para os lados e não, necessariamente, olhar sempre para frente. Na frente está o que todos olham, de uma maneira ou outra. E bem poucos olham para os lados, deixando assim passar os pequenos detalhes que compõem a vida. Viver faz parte dessa vida de prestar atenção aos movimentos, e a luta é esse constante buscar de novos horizontes e perspectivas.

Se lutamos para viver, viver é a constância de buscar a nossa excelência, e não a excelência dos outros e buscar novas direções para velhos enfrentamentos. Aquele que acha uma porta de saída, e revela a outros esse caminho, pode ser um oportunista que não criou nada, apenas aguarda o efeito de manada atrair os perdedores: a porta de saída é uma fake news.

Nem sempre os pontos de supostas vitórias são, realmente, vitórias.

Viver não é fácil, mas alguns procuram as dificuldades para justificar suas derrotas. A escolha da direção é o ponto mágico de tudo. Reconstruir-se é a palavra. Quando modificamos dentro de nós mesmos as nossas perspectivas, e paramos de buscar o que os outros dizem ou fazem, mudamos as nossas direções, para não voltar de mãos vazias ao ponto de partida.
 

Nilson Lattari

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Crônicas e Contos

NILSON LATTARI é carioca e atualmente morando em Juiz de Fora (MG). Escritor e blogueiro no site www.nilsonlattari.com.br, vencedor duas vezes do Prêmio UFF de Literatura (2011 e 2014) e Prêmio Darcy Ribeiro (Ribeirão Preto 2014). Finalista em livro de contos no Prêmio SESC de Literatura 2013 e em romance no Prêmio Rio de Literatura 2016. Menções honrosas em crônicas, contos e poesias. Foi operador financeiro, mas lidar com números não é o mesmo que lidar com palavras. "Ambos levam ao infinito, porém, em veículos diferentes. As palavras, no entanto, são as únicas que podem se valer da imaginação para um universo inexato e sem explicação".

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