Coluna

Louvor à enfermeira Jussara

- Athaliba, na certeza do seu irrestrito apoio, manifesto daqui d,O Folha de Minas o meu louvor à enfermeira Jussara Otaviano, mineira de Guaxupé. Ela foi laureada com o Prêmio de Enfermagem Rainha Silvia da Suécia, recebido em mãos, em Estocolmo, na biblioteca do castelo real. Aproveito para sugerir a ocê, caso tenha necessidade, usufruir do projeto de saúde mental para idosos, o qual ela integra e que lhe proporcionou a premiação.

- Marineth, grato por partilhar o prêmio concedido à guaxupeana, conquistado através de mérito e dedicação profissional, nesses tempos de tantas maracutaias na área da saúde, no país.

- Quero, depois, Athaliba, te falar de falcatruas na saúde. Antes, porém, é preciso te dizer que Jussara figura entre uma das nove ganhadoras desse prêmio, no mundo. A premiação tem a finalidade de distinguir pessoas que atuam em projetos revolucionários na saúde. E focalizava, nessa edição, trabalho com idosos. Agradecida à premiação, ela diz que “representei o Sistema Único de Saúde - SUS -, todos os profissionais de enfermagem e da saúde do Brasil, além da população negra e afrodescendente”.

- Ocê, Marineth, me sugeriu recorrer ao projeto de saúde mental se houver precisão. Onde é que isso funciona?

Jussara Otaviano, mineira de Guaxupé, recebeu prêmio internacionaldas mãos da rainha da Suécia. Divulgação
Jussara Otaviano, mineira de Guaxupé, recebeu prêmio internacionaldas mãos da rainha da Suécia. (Divulgação) 

- Athaliba, o projeto é desenvolvido no Instituto Afinando Vidas, em São Paulo. Informo que estão abertas as inscrições para a 17ª turma de formação em Terapia Comunitária Integrativa. O curso terá início em setembro e mais detalhes com a Margareth, no telefone +55 11 97454-4647 ou #terapiacomunitariaintegrativa. O alicerce do curso tá na abordagem terapêutica desenvolvida pelo etnopisiquiatra cearense Adalberto Barreto, consistindo em rodas de conversa. Às quais são praticadas intervenções coletivas tendo o intuito de fortalecer laços sociais, aproveitando recursos da própria comunidade para solução de problemas.

- Marineth, ouvi dizer que Jussara é cantora e formou grupo musical com irmãs e sobrinha.

- Athaliba, é isso mesmo. Jussara é supimpa. Mas, vale registrar a observação de Luciana Hataiama, líder do júri do prêmio e head de enfermagem da Vibe Saúde. Ela diz que “o projeto da Jussara mostra a terapia comunitária de forma inovadora, facilitando a participação dos pacientes da comunidade, capacitando mais profissionais a conduzi-la e podendo ampliar seu uso a idosos e pessoas com demência; é um trabalho multidisciplinar que promove resultados mais efetivos no cuidado, e uma troca valiosa”.

- Agora, Marineth, me fale da performance artística dela.

- Athaliba, além da Jussara, as irmãs são enfermeiras, realizando o sonho da mãe. E, junto com Doralice e Jurema e mais a sobrinha Thatiana, formou o grupo A quatro vozes. No primeiro CD, Felicidade guerreira, tem “Isso é Brasil”, “Bóia fria”, “Zumbi, a felicidade guerreira”, entre outras músicas. Já o CD O canto de Minas traz “Conto de areia”, “A flor da África”, “Vendedor de caranguejo”, “Santos negros”, “Tempos e canções”, “Casa forte”, “De luas e sóis” e outras mais.

- Bom saber que existe esse quarteto no cenário musical brasileiro, Marineth.

- Sim, Athaliba. O quarteto agora é trio. Jussara se dedica de forma plena à enfermagem. O grupo nasceu em 1994 e fez apresentações no 17º Festival do Fogo de Cuba, no Femadum na Bahia (participação conjunto com o Olodum), no 33º Festival de Inverno de Campos do Jordão e nos teatros da Rede Sesc, no Municipal de São Paulo, no Memorial da América Latina, no Centro Cultural de São Paulo e no Museu Abílio Barreto. Dividiu o palco com a Elza Soares.

- Difícil conciliar trabalho na área da saúde e carreira artística, né Marineth?

- Até dá, Athaliba. Mas isso exige extremo esforço, no sentido de manter responsabilidade e qualidade profissional. Ela deixou sua marca na música, fez canções, se dedicando à outra tradição familiar. Vaidade nela não se vê.

- É visível isso, Marineth. Quando coordenei evento no Centro de Ciências da Saúde - CCS - da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, uma partícipe fez questão que a anunciasse com o rótulo de enfermeira antes do nome. Ignorei, solenemente. Que diferença à Jussara!

- Sabe, Athaliba, vou passar ao largo das falcatruas na saúde. Causa-me asco lembrar que uma enfermeira pagou R$ 400 mil para ter diploma falso de médica, frente à jornada cristalina da Jussara. A ação da gangue de falsificadores era tão sofisticada que 65 diplomas tiveram registros no CREMERJ - Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro. Phorra, o trem é doido!

Lenin Novaes

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Crônicas do Athaliba

LENIN NOVAES jornalista e produtor cultural. É co-autor do livro Cantando para não enlouquecer, biografia da cantora Elza Soares, com José Louzeiro. Criou e promoveu o Concurso Nacional de Poesia para jornalistas, em homenagem ao poeta Carlos Drummond de Andrade. É um dos coordenadores do Festival de Choro do Rio, realizado pelo Museu da Imagem e do Som - MIS

Comentários


  • 14-07-2023 19:27:46 Jose Ribamar

    Bom saber que ainda se encontram pessoas assim . Que bom você divulga las Lrnin

  • 04-07-2023 23:47:17 Julio Oliveira

    Mais uma.cronica e mais um aprendizado.