Sou um jornalista apaixonado por jazz.
Escrevo ouvindo jazz. Desenho ouvindo Jazz.
Ruy Castro, outro jornalista que ama o jazz. Outro dia, listou em uma crônica, os discos de jazz que levaria para uma ilha deserta. Levaria Gerry Mulligan; Count Basie; Clifford Brown; Charles Mingus; Ray Charles; Dave Brubeck; Modern Jazz Quartet; Thelonious Monk; Stan Getz e João Gilberto.
Concordo com a lista, só acrescentaria Billie Holiday, Nat King Cole e Jimmy Scott.
Entre todos eles, o mais icônico e menos badalado e, por isso mesmo, um dos meus preferidos é o norte-americano, Jimmy Scott, morto em 2014. Outro dia, na prancheta, enquanto desenhava minhas tiras, ouvindo o músico, lembrei de outro gênio, o cartunista chileno homônimo.
Jimmy Scott, nasceu Santiago Arturo Scott, em Santiago, no ano de 1936. Jimmy - apelido que ganhou do pai ainda criança e incorporou a sua arte - estudou na Escola de Artes e Ofícios e na Escola de Artes Aplicadas da Universidade do Chile.
Ainda muito jovem, tímido e com medo de expressar seus pensamentos verbalmente, começou a desenhar. Seus desenhos, um dia chamaram a atenção de amigos que o incentivaram a mostrar seu trabalho aos jornais.
Foi colaborador de jornais chilenos, como ‘El Sur’, de Concepción, e de revistas como ‘MAD’, ‘Kripta’, ‘Topaze’, ‘El Peneca’, ‘El Pingüino’, ‘Radio Manía’, ‘Pecé’ e ‘Zig-Zag’.
No início dos anos 70, mudou-se para o Brasil, onde morou por mais de 18 anos. Desenhou para grandes publicações como os jornais ‘Balcão’ e ‘O Globo’. Em ‘O Globo’, ainda na ‘Coluna Carlos Swann’, escrita por , Boechat , uma das notas trazia sempre a ilustração de um personagem da política. Por muitos anos o responsável foi Scott. Em 1988, Scott deixou o jornal para assumir a seção de humor da página editorial do chileno ‘El Mercurio’. Quem assumiu os desenhos da coluna, a partir daí, foi Cláudio Duarte.
Entre os livros que ilustrou estão vários livros didáticos da década de 60, incluindo um clássico da educação chilena,"Passeport s'il vous Plait". Ele também ilustrou os livros "O que é a Teoria da Relatividade?" e “O que faz o Brasil, Brasil?”, de DaMatta, entre outros.
Seus trabalhos foram exibidos em exposições coletivas no Chile, na década de 50, no Salón de Dibujantes Periodísticos. Nos anos 70, na Sociedade Brasileira de Belas Artes no Rio de Janeiro e no Salão Internacional de Humor em Piracicaba, São Paulo. Em 1976, participou em Bolonha, Itália, de uma exposição internacional de ilustração para livros infantis.
Nos anos 90, e também nos anos 2000, participou do "Yomiuri Shinbum Contest" em Tóquio, no Japão, uma feira internacional de humor, que reúne anualmente mais de dez mil participantes. Ele também esteve no prestigiado salão de humor em Zemun, na Sérvia.
Em 1991, no Prince of Wales Country Club, realizou sua primeira exposição individual. Em 2002, esteve na exposição realizada na Corporação Cultural de Las Condes e depois em Valdivia.
Para Scott, a parte mais poderosa e desafiadora de seus desenhos são os diálogos, "a piada deve ser espontânea, inesperada e absurda como a própria vida. O tema ideal é o pontual, o que está na boca de todo mundo.
A mensagem é interpretativa e, por seu poder de síntese, às vezes pode ter a força de um editorial. Mas o que faço na página editorial nem sempre é uma brincadeira. Também pode ser uma homenagem, um elogio", diz Scott.
Atualmente, o cartunista, aos 86 anos, ainda trabalha na página editorial e ilustra artigos e reportagens do jornal ‘El Mercurio’.
Comentários