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OS CORTES NA CORTE DO REI BOZO

Bolsonaro faz cortes em educação, INSS, saúde e meio ambiente; mas libera R$ 1,7 bilhão para reajuste de servidores e R$ 4,9 bilhões para o fundo eleitoral.

BOLSONARO
Divulgação -  

Se tem um órgão do Governo Federal que trabalha - e muito - é o Departamento de Recuos e Desmentidos (DRD).

Ligado à Secretaria de Comunicação Institucional, antiga Secretaria de Comunicação - SECOM - o DRD funciona numa salinha nos fundos do Palácio do Planalto, ao lado do gabinete do ódio, sob o comando do secretário especial Flávio Augusto Viana Rocha.

Todo mundo sabe que uma das funções mais importantes no governo, hoje em dia, é a de recuar e desmentir as histórias do capitão e de sua prole. No entanto, se o presidente ficar adulterando fatos, desmentindo e fraudando todo tipo de informação, daqui a pouco ninguém mais vai acreditar nas suas declarações.

Quando o secretário entrou no gabinete do presidente Bolsonaro, carregado de canetas Pilot vermelhas, o capitão estava sancionando os vetos do Orçamento de 2022. Como um censor, da época da Ditadura Militar, Jair riscava furiosamente os vetos.

- Por que o senhor está tão nervoso, presidente?

- As pessoas, assim como as criaturas, pensam que é fácil governar um país com dimensões ‘condimentais’ como o Brasil, sem dinheiro.

- É ‘continentais’, presidente!

- Ou isso! O Brasil não tem dinheiro pra nada. O país está quebrado. O PT roubou tudo, taokey?!

- Como não tem, presidente? O PT deixou o país com 380 bilhões de dólares em reservas internacionais e o orçamento do ano prevê um valor total da despesa para 2022 de R$ 4,82 trilhões.

- É pouco! Isso daí não dá nem para saciar a fome do Centrão, muito menos para dar aumento a todos os servidores.

- Todos!? Mas o senhor não ia dar aumento só para os policiais federais?

- Ía. Mas agora todo mundo quer. Eu tenho que cortar os supérfluos. Aqui, por exemplo, eu vou economizar R$ 3,18 bilhões - disse, passando a caneta vermelha, com raiva.

- Presidente, o senhor acha as despesas com o Ministérios do Trabalho, Previdência e Educação, supérfluas? Eles já estão foram sacrificados demais. Com seus vetos, o Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS), perde R$ 988 milhão. Na Educação, seu veto proíbe o gasto de R$ 22 milhões para compra de veículos de transporte escolar; e o fomento às ações de graduação, pós-graduação, ensino, pesquisa e extensão perderam R$ 4,2 milhões.

- Quando eu estudava eu ia a pé, taokey? Também vou cortar no Desenvolvimento Regional (R$ 458,7 milhões), na Cidadania (R$ 284,3 milhões) e na Infraestrutura (R$ 177,8 milhões).

- Porque só o Ministério da Economia foi poupado de novas reduções de recursos, com um veto de apenas R$ 85,9 mil?

- O Paulo Guedes anda ameaçando deixar a pasta; ele anda meio chateado comigo desde que eu entreguei a chave do cofre para o Centrão. Não é bom mexer com ele agora, no tocante a isso daí.

- O senhor vai cortar R$ 74,2 milhões na Saúde, em plena pandemia? É isso mesmo?

- Essa pandemia é uma invenção da esquerda. Isso não passa de uma gripezinha.

- A Fiocruz, perdeu R$ 11 milhões em pesquisas de desenvolvimento tecnológico em saúde? Capitão, o órgão produz, entre outros, imunizantes contra a covid-19. A produção de vacina vai ficar prejudicada justamente no momento em que já temos mais de 650 mil mortos?

- Se faltar vacinas, usem a hidroxicloroquina. O Exército tem estoque para 30 anos.

- Seus cortes ainda afetam ações e programas como o saneamento básico para comunidades quilombolas (corte de R$ 40 milhões) e a prevenção de incêndios florestais (R$ 8,5 milhões vetados) num momento em que o mundo inteiro discute o aquecimento global.

- Isso é MEN-TI-RA, deslavada e enxaguada!!! A Amazônia não pega fogo porque é molhada.

- Apesar dos cortes, o senhor liberou R$ 4,9 bilhões para o fundo eleitoral! Se não tem dinheiro para a  Educação, Saúde e Cultura, onde o senhor arranjou dinheiro  para os políticos?

- Essa informação, assim como minha carteira de vacinação, tem sigílo de 100 anos.

Ediel Ribeiro (RJ)

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Coluna do Ediel

Ediel Ribeiro é carioca. Jornalista, cartunista e escritor. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) do romance "Sonhos são Azuis". É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG). Autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty" publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ) e Editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!". O autor mora atualmente no Rio de Janeiro, entre um bar e outro.

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