Se tem um órgão do Governo Federal que trabalha - e muito - é o Departamento de Recuos e Desmentidos (DRD).
Ligado à Secretaria de Comunicação Institucional, antiga Secretaria de Comunicação - SECOM - o DRD funciona numa salinha nos fundos do Palácio do Planalto, ao lado do gabinete do ódio, sob o comando do secretário especial Flávio Augusto Viana Rocha
Todo mundo sabe que uma das funções mais importantes no governo, hoje em dia, é a de recuar e desmentir as histórias do capitão e de sua prole.
Se o presidente ficar adulterando fatos, desmentindo e fraudando todo tipo de informação, daqui a pouco ninguém mais vai acreditar nas suas declarações.
O capitão estava escrevendo uma carta quando o secretário especial de comunicação entrou no seu gabinete:
- Flávio, como se escreve ghost white? - perguntou o presidente.
- Hi, presidente! Sei não.
- Esquece. Manda chamar o Temer!
- O Temer, presidente? O ex-presidente? Outra vez?
- Sim, ele mesmo. Quero que ele escreva o meu discurso.
- O Temer não está mais em Brasília, presidente.
- Manda um avião buscá-lo, taokey?
- Mas, capitão, mandar um avião para São Paulo só para buscar uma pessoa para escrever uma carta? Não tem ninguém em Brasília que possa fazer isso.
- No tocante a essa ‘cuestão’ daí eu não sei.
- Chamá-lo-ei - brincou o secretário.
O secretário ligou e, alguns minutos depois, desligou:
- Ele vem? - perguntou o presidente, ansioso.
- Não, presidente. O ex-presidente Temer disse que depois que ele escreveu a carta em que o senhor pede perdão ao ministro Alexandre de Moraes, virou motivo de chacota nas redes sociais. Estão chamando ele de ‘Dora’, a ex-professora que ganha a vida escrevendo cartas para pessoas analfabetas, no filme ‘Central do Brasil’.
- Eu preciso dele para escrever o meu discurso dos meus mil dias de governo. Quero prestar contas à população. Mostrar tudo o que o meu governo fez de bom até hoje.
- Eu posso ajudar - disse o secretário, pegando uma folha de papel. - Pode ditar que eu vou escrevendo. Comece com os principais feitos do seu governo. Pela inflação, por exemplo.
- Não. A inflação não. Ela anda um pouco alta.
- Fale do preço da gasolina.
- Tá louco! O preço da gasolina mais que dobrou.
- Fale das privatizações.
- Não. Ainda está a meia-bomba.
- Fale, então da taxa de desemprego.
- Não. Está muito alta.
- Do dólar?
- Não. O preço continua alto.
- Do preço dos alimentos?
- Tá alto.
- Do gás?
- Dobrou o preço.
- Do que o senhor vai falar, então. Tá tudo ruim!
De repente, o presidente fez uma súbita premonição:
- Não se preocupe, taokey? Não há nada que esteja tão ruim que não possa piorar.
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