Rio de Janeiro. 1973. Eu era capaz de ficar ouvindo os discos dos Secos & Molhados por horas.
Os rapazes travestidos e com os rostos pintados criaram sucessos fazendo a transposição de poemas de grandes poetas brasileiros para uma versão musicada.
Foram musicados poemas de Fernando Pessoa, Julio Cortázar, Oswald de Andrade, Vinicius de Moraes, Manuel Bandeira, Cassiano Ricardo e muitos outros.
Cassiano Ricardo, poeta que transitou pelo parnasianismo, simbolismo, modernismo até chegar à aproximação com a poesia concreta era um dos meus preferidos.
Cassiano Ricardo Leite nasceu em São José dos Campos, São Paulo, em 26 de julho de 1894 e faleceu no Rio de Janeiro, em 14 de janeiro de 1974, aos 79 anos. Foi ensaísta, jornalista e poeta, com uma obra em constante movimento.
Formado em Direito no Rio de Janeiro, em 1917, mudou-se para São Paulo onde trabalhou como jornalista em diversas publicações, chegando a fundar alguns jornais e a revista modernista 'A Novíssima', em 1924. Ao longo da vida, publicou mais de 20 livros de poesias.
Em 1950 foi eleito presidente do ‘Clube da Poesia’, de São Paulo, e entre 1953 e 1954 foi chefe do Escritório Comercial do Brasil em Paris, vindo a ocupar outros cargos públicos nos anos seguintes.
Membro da Academia Brasileira de Letras, Cassiano Ricardo foi vencedor de dois prêmios Jabuti e era voz ativa entre os poetas em todas as décadas em que permaneceu produzindo.
O poeta teve sua obra transformada através dos anos. A evolução buscava sempre retratar temas como a natureza - seja em relação a sua beleza ou sua conservação e não destruição pelos avanços industriais -, folclore e temas mitológicos.
Os 3 poemas musicados pelos Secos & Molhados são do último livro de Cassiano, ‘Os Sobreviventes’ (1971). “Prece cósmica” e “As andorinhas” fazem parte do primeiro disco do grupo, lançado em 1973, enquanto “Cobra-coral-indiana” é do disco de 1978.
A versão musicada deste último conserva apenas a parte 1 do poema.
Abaixo, os poemas e sua forma e disposição como Cassiano os colocava nas páginas, fazendo com que a visualidade possuísse, também, valor poético.
2 poemas musicados:
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