Rio - Leio na página do meu amigo Kenard Kruel - jornalista piauiense - que novembro é o mês de nascimento e morte do poeta Torquato Neto.
Torquato Pereira de Araujo Neto, foi um compositor, poeta e jornalista piauiense, nascido em Teresina, no dia 9 de novembro de 1944.
Aos 16 anos mudou-se para a Bahia. Em Salvador, Torquato envolveu-se ativamente na cena soteropolitana, onde conheceu, além de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia e Glauber Rocha, com quem chegou a trabalhar no filme “Barravento”.
Em 1962, Torquato deixa Salvador rumo ao Rio de Janeiro para cursar jornalismo na Faculdade Nacional de Filosofia.
No Rio, seu primeiro trabalho foi no “Jornal dos Sports”, onde escrevia no suplemento “O Sol”. Trabalhou ainda nos jornais “Correio da Manhã” e "Última Hora”, onde criou a famosa coluna “Geléia Geral'', onde escrevia sobre poesia, cinema e música.
Escrevendo sobre cultura, foi, ao lado dos poetas Décio Pignatari; Augusto Campos; Haroldo de Campos; o cineasta Ivan Cardoso e o artista plástico Hélio Oiticica, ferrenho defensor das manifestações artísticas de vanguarda, como a Tropicália; o cinema marginal e a poesia concreta.
Nesta época, Torquato escreveu o breviário “Tropicalismo para Principiantes”, no qual defendia um “pop” genuinamente brasileiro, sem preconceitos de ordem estética, sem cafonice ou mau gosto.
Torquato também foi um importante letrista de canções icônicas do movimento tropicalista. Com Gil, em 1966, criou “Louvação”, que fez sucesso nas vozes de Elis Regina e Jair Rodrigues.
Outra parceria importante foi feita com Edu Lobo, com quem criou “Pra Dizer Adeus”.
Com Caetano Veloso compôs “Nenhuma Dor”, com Gil, “Geléia Geral”, “Minha Senhora” e “Zabelê”; com Carlos Pinto, criou “Todo dia é dia D” e com Sérgio Britto, tecladista dos Titãs compôs “Go Back” que virou faixa-título de um disco gravado em Montreux, na Suíça.
Aos 22 anos, Torquato se casou com Ana Maria Silva de Araújo com quem teve um único filho,Thiago.
Inquieto e contestador, com a implantação do AI-5, exilou-se na Europa, no final da década de 60, depois que os amigos Gil e Caetano foram presos e exilados.
Viajou pela Europa e Estados Unidos; morou em Londres e Paris por um breve período. Regressou ao Brasil em 1971.
De volta ao Brasil, no início dos anos 70, Torquato enfrentou uma severa dependência alcoólica e uma série de crises de depressão, e começou a se isolar dos amigos.
Na época, passou por uma série de internações para tratar do alcoolismo e rompeu diversas amizades.
Sem conseguir uma melhora no quadro de alcoolismo e depressão, Torquato acabou por se suicidar em casa, no Rio de Janeiro, um dia depois de completar 28 anos, em 1972.
O poeta se despediu com um poema:
"Fico. Não consigo acompanhar a marcha do progresso de minha mulher ou sou uma grande múmia que só pensa em múmias mesmo vivas e lindas feito a minha mulher na sua louca disparada para o progresso.
Tenho saudades como os cariocas do tempo em que eu me sentia e achava que era um guia de cegos.
Depois começaram a ver, e, enquanto me contorcia de dores, o cacho de banana caía. De modo que fico sossegado por aqui mesmo enquanto dure.
Ana é uma santa de véu e grinalda com um palhaço empacotado ao lado.
Não acredito em amor de múmias, e é por isso que eu fico e vou ficando por causa desse amor.
Pra mim chega!
Vocês aí, peço o favor de não sacudirem demais o Thiago. Ele pode acordar".
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