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NILSON, O QUARTO MOSQUETEIRO

Rio - Nilson, para mim, era um dos “Três Mosqueteiro do Humor”, de Minas Gerais - que, como no romance do escritor francês Alexandre Dumas, eram quatro: Henfil, Ziraldo, Nani e Nilson. 

Conheci Nilson Azevedo - "o cartunista anônimo mais famoso de Belo Horizonte", como ele mesmo se definia - quando morei em Minas, através do seu trabalho no “Almanaque Humordaz”.

O Humordaz era uma publicação de humor e quadrinhos que circulou na cidade de Belo Horizonte em 1976, durante o regime militar.  A revista - que começou como uma coluna no jornal “O Estado de Minas” - foi fechada pela censura no segundo número.

As duas edições que saíram, reuniu pouco mais de dez cartunistas mineiros e teve vida breve, antes da terceira edição, o Departamento de Censura Federal do Ministério da Justiça já enquadrava a publicação na lista daquelas que só poderiam circular após a censura prévia, realizada em Brasília. O almanaque encerrava, assim, sua fugaz existência. 

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Nilson começou muito cedo. Em 1963, aos 14 anos foi convidado pelo Ziraldo para ser seu assistente no Rio de Janeiro. Assustado, o menino de Raul Soares, na Zona da Mata, preferiu não ir, mas criou duas histórias do Pererê e mandou para o amigo mineiro. Uma delas foi publicada na última revista do personagem, em março de 1964.  “Ele colocou o meu nome e virei herói na cidade: Nilson saiu no Pererê!”, lembra.

Em 1965, mudou-se para a capital mineira, colaborando com o “Jornal Sports”, publicando na seção Cartum JS. No ano de 1969, trabalhando no suplemento infantil "Gurilândia", do jornal “O Estado de Minas”, lança Negrim, personagem de grande sucesso de público. 

Em 74, veio para o Rio de Janeiro, onde ficou por oito meses morando com o cartunista Nani. “Foi um época horrível, pois com a censura vetando tudo ninguém conseguia publicar nada e vários jornais fecharam. Era o pior momento da ditadura, “os anos de chumbo” do governo Medici", lembra. 

Quase passou fome. Publicou no “O Pasquim” e no “Correio da Manhã”, que a ditadura logo fechou. Voltou para BH indo trabalhar no “Jornal de Minas”.

De 79 a 84, ele e o cartunista Glauco foram morar no apartamento do Henfil, na capital paulista – carinhosamente apelidado de Bunker. Em São Paulo, onde trabalhou com o cartunista mineiro, presenciou de perto a truculência da ditadura. Volta para Belo Horizonte e a partir daí passa a ser vetado, assim como outros cartunistas na grande imprensa. 

Em 2005, publica a tira Caravelas e o Negrinho do Pastoreio, no "Jornal do Brasil", a convite do Ziraldo.

“Minha personalidade é uma mistura de Jesus Cristo, Pernalonga e Che Guevara”, assim se define Nilson Adelino Azevedo, que hoje mora em Belo Horizonte de onde continua produzindo suas charges e editando o blog “Falando Nilson”.


*Ediel Ribeiro é jornalista e escritor

Ediel Ribeiro (RJ)

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Coluna do Ediel

Ediel Ribeiro é carioca. Jornalista, cartunista e escritor. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) do romance "Sonhos são Azuis". É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG). Autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty" publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ) e Editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!". O autor mora atualmente no Rio de Janeiro, entre um bar e outro.

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