Coluna

PORQUE ME DECEPCIONEI COM O PT

RIO - Eu ainda era um jovem - que engatinhava no jornalismo - quando me identifiquei com os ideais do Partido dos Trabalhadores.

Hoje - mais de vinte anos depois - estamos assistindo, nas ruas, um show de horror político, protagonizado pelo partido.

Minha recente indignação com o PT se transformou em decepção.

Alianças promíscuas o fizeram perder a credibilidade e o rumo. Os três pilares que sustentavam o partido ruíram: organizar a classe trabalhadora; ser ético na política e realizar reformas estruturais.

Todos querem mudanças. O povo, desorientado, desmotivado, quer comer e as elites, querem manter o controle sobre a chave da despensa.

Ambos, oprimidos e ameaçados pelo governo.

DivulgaçãoNunca antes na história deste país, houve caso de um governo desagradar a burgesia e a classe operária.

É irônico constatar que o pobre e o rico concordam quando o assunto é o PT: ambos não confiam mais no partido.

Antes, havia a Arena e o MDP. Você sabia de que lado estava.

Mesmo na época da ditadura militar, você podia não saber por que tava apanhando, mas sabia quem tava batendo.

Hoje, existem dezenas de partidos. Tudo farinha do mesmo  saco.

Quem representa quem? Quem é direta? Quem é esquerda? Quem é situação? Quem é oposição?

Hoje, os políticos servem ao próprio bolso.

Mas a questão não é essa. o problema é que estamos brigando pelo que não queremos. Mas o que queremos?

Bolsonaro?  Haddad? Ciro Gomes ? Marina Silva? Geraldo Alckmin?  

Todos políticos de carreira. Todos velhos conhecidos do povo. Apesar da minha indignação, me nego a sair às ruas, em passeatas pró ou contra qualquer um deles. 

Uma histeria midiática daqueles que querem nos fazer acreditar que, chegando ao poder, farão diferente.

Não mesmo. A saga do PT nos mostrou o quão endêmica é a corrupção no nosso país e o quanto é difícil mudar esse sistema, quando se chega ao poder.

Carlito Maia, fundador do PT, dizia que deixaria o partido quando ele chegasse ao poder.

Carlito sabia o que dizia.


* Ediel é jornalista é escritor.

Ediel Ribeiro (RJ)

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Coluna do Ediel

Ediel Ribeiro é carioca. Jornalista, cartunista e escritor. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) do romance "Sonhos são Azuis". É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG). Autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty" publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ) e Editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!". O autor mora atualmente no Rio de Janeiro, entre um bar e outro.

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