Antônio Carlos de Santana Bernardes Gomes "Mussum". (Divulgação)
Rio - Eu tinha um bar em Ramos, perto da quadra do Bloco Cacique de Ramos, na Rua Uranos.
Quando acabava a roda de samba, de madrugada, os pagodeiros passavam por lá pra tomar a saideira.
Menos o Bira Presidente, que não bebia - mas gostava tanto de boteco que em 1975, juntamente com João e Anita (pais do Dudu Nobre), fundaram, na Vila da Penha, o primeiro bar com pagode de mesa.
Em compensação, o irmão, Ubirany - inventor do repique - tomava todas. E não caía. Saía todo mundo ruim, e ele, reto.
Todo mundo bebia, no Cacique de Ramos: Ubirany, Sereno, Neoci, Almir Guineto, Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho, Luiz Carlos da Vila e, principalmente, Mussum - o ex-Trapalhão, outro filho do Cacique.
Mussum, quando bebia, tinha uma brincadeira que perturbava todo mundo: Era o 'Tá com a morte'. Tipo um pique. Ele batia no braço de um e gritava: 'Tá com a morte'.
O sujeito só se livrava da tal da morte do Mussum quando conseguia bater em outra pessoa e dizer 'Tá com a morte'.
E numa dessas palhaçadas de 'Tá com a morte', ele dançou.
Passou a morte para a pessoa errada.
Foi para cima do Neoci (ex-integrante do Grupo Fundo de Quintal, que faleceu em 1981, filho do compositor João da Baiana), bateu no ombro dele e mandou: "Tá com a morte".
Neoci, aquela altura, já estava chamando urubu de meu louro e não conseguia passar a morte para ninguém.
E Mussum caindo em cima dele, tirando sarro a noite toda.
Já de manhã, Neoci sacou uma pistola e falou: 'Mussum, vem cá'. Apavorado, Mussum se aproximou. Neoci bateu com a arma no ombro dele e falou: 'Tá com a morte' .
Mussum nunca mais passou a morte pra ninguém.
* Ediel Ribeiro é jornalista e escritor
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