Coluna

Gina, a transexual sedutora de Alucard

Curioso caso saiu dos cochichos de pé-de-ouvido e se tornou principal tema de Alucard, alastrado por veículos de comunicação e redes sociais. Protagonizado por uma transexual portadora de beleza e atributos físicos de miss, com dote de 21cm e inteligência questionável, é rotulado de Gina, a sedutora de Alucard. Explodiu como bomba de um megaton, equivalente a um milhão de toneladas, comparada às explosões feitas pela Yale na extração de minério de ferro. Contam que parecida à bomba atômica jogada pelos EUA sobre Hiroshima, que provocou assassinato em massa, no ano de 1945.

- Soube, Athaliba, que Gina tinha como amante o policial militar conhecido por Brucutu, adepto do bordão fascista “bandido bom, é bandido morto” e envolvido em registros policiais do que se convencionou chamar auto de resistência, que é quando a polícia mata, em supostos confrontos ou não, justificando a matança em alta escala de suspeitos, acometida principalmente contra jovens e negros, na maioria.

- Uai, Marineth, jovens e negros são maioria entre 62.517 assassinatos no país em 2016, conforme estatísticas produzidas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Na última década mais de meio milhão, ou seja, 553 mil pessoas perderam a vida por morte violenta, média de 153 por dia. E o aparelho penitenciário já contabiliza mais de 700 mil pessoas, seis vezes mais que a população de Alucard. Esse sistema policial que impera no Brasil, se não for contido, aniquilará o país dentro de poucas décadas. Mas, me conte mais sobre Gina.

- Pois é, Athaliba, a transexual é admirada até pela mulherada. Lembra a Roberta Close, a primeira transexual a posar nua para revista direcionada ao público masculino, e que tem o sobrenome artístico extraído do título da revista à qual foi fotografada apenas de calcinha, aos 17 anos, escondendo o rosto. A publicação Close vendeu milhões de exemplares e projetou Roberta nacionalmente.

- Sim, Marineth, mas quero saber mais detalhes do ti-ti-ti que escandaliza Alucard, com a Gina.

- Mary Help, também transexual, me contou que a amiga Gina sustentava relação paralela com o policial e Ananias, este o grande amor de sua vida. Ocorre que a mulher de Brucutu descobriu a traição e, numa conversa com Gina, se passando por pesquisadora da área de saúde sobre transtorno de identidade de gênero, soube que o marido fazia o papel de mulher e, Gina, o de homem. E o que mais a chocou, contou Mary Help, foi Brucutu pedir para a transexual descarregar toda a carga da ‘pistola’ dentro dele.

- Uai, Marineth, não dá para considerar isso cena dantesca. Recentemente, circulou, nas redes sociais, vídeo mostrando sexo oral de um ator com uma transexual. O realce do caso em questão está na contradição de Brucutu ser olhado como machão e abocanhar a ‘pistola’ da transexual. Isso é hilariante.

- Caso trágico, Athaliba, que não deixa de ser cômico. A mulher do policial pediu divórcio e deitou falação sobre o caso na cidade, até que um periodista deu publicidade sensacionalista ao fato. Na matéria está incluída pesquisa da primeira cirurgia de mudança de sexo no Brasil, em 1971, em plena ditadura militar (1964-1985), feita pelo médico Roberto Farina em Waldir Nogueira, a Waldirene; além de enquete mostrando que a larga maioria das mulheres de Alucard acredita que transexual é totalmente passiva na relação com homens. Gina adorava fazer sexo no mato do Pico do Amor, onde fica o memorial dedicado ao poeta Antônio Crispim, cuja edificação inacabada é relegada ao abandono e desprezo das autoridades.

Mary Help contou que Gina fez a cirurgia de redesignação sexual, eliminando o principal atributo, fonte de satisfação e de prazer de muitos dos homens que se relacionava e, ao mesmo tempo, arrancando dela a parte do corpo que mais rejeitava. E caiu no ostracismo, deixando de ser apetitosa, sem sua ‘pistola calibre 21’. Felizmente, ninguém cospe, atira pedra ou joga bosta.

- O assunto sui generis, Marineth, resultou no poema Gina de Alucard. Confira!

 

Gina, jovem esbelta, escultural,

Era diferente do gênero natural.

Dote 21, amante de PM, seio operado,

Vestia saia curta, com renda e babado.

 

Tinha os homens aos seus pés,

As mulheres a olhavam de viés.

Gina, morenaça, cheia de encantos,

Provocava suspiro em todos os cantos.

 

Mas, vaidosa em demasia,

Tendo sempre o que queria;

O sexo sedutor resolveu alterar.

Foi aí que na vida tudo mudou:

Arrependida do sonho que sonhou,

Lascada, agora, vive só, a perambular.

 

 

*Lenin Novaes, jornalista e produtor cultural. É co-autor do livro Cantando para não enlouquecer, biografia da cantora Elza Soares, com José Louzeiro. Criou e promoveu o concurso nacional Poesias de jornalistas, homenagem ao poeta Carlos Drummond de Andrade. É um dos coordenadores do Festival de Choro do Rio, realizado pelo Museu da Imagem e do Som – MIS.

Lenin Novaes

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Crônicas do Athaliba

LENIN NOVAES jornalista e produtor cultural. É co-autor do livro Cantando para não enlouquecer, biografia da cantora Elza Soares, com José Louzeiro. Criou e promoveu o Concurso Nacional de Poesia para jornalistas, em homenagem ao poeta Carlos Drummond de Andrade. É um dos coordenadores do Festival de Choro do Rio, realizado pelo Museu da Imagem e do Som - MIS

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