O advogado da presidente afastada, Dilma Rousseff (PT), e ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo disse nesta quinta-feira (7) que a renúncia de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à presidência da Câmara dos Deputados fortalece a defesa de Dilma no processo de impeachment que tramita contra ela no Senado. "A fala dele sobre sua participação no processo de impeachment é emblemática em relação ao que está acontecendo. Vamos juntar essa fala ao processo. A renúncia e seu discurso fortalecem a defesa da presidente Dilma", afirmou Cardozo.
No discurso que fez nesta quinta-feira para anunciar sua renúncia à presidência da Câmara, Cunha disse que a condução do processo de impeachment contra Dilma foi uma de suas principais conquistas.
"Sem dúvida alguma, a autorização para abertura do processo de impeachment de um governo que, além de ter praticado crime de responsabilidade, era inoperante e envolvido com práticas irregulares, foi o marco da minha gestão, que muito me orgulha e que jamais será esquecido", disse.
Para Cardozo, as declarações de Cunha em relação ao impeachment mostram seu grau de envolvimento com o afastamento da presidente Dilma. "Fortalece as provas a favor da presidente Dilma sem sombra de dúvidas. Eu posso afirmar que, considerando as provas que existem contra ele, a fala dele mostra o papel que ele teve no processo de impeachment que afastou um governo que se negou a ceder ao que ele pedia", afirmou Cardozo.
Pelo Twitter, outros petistas também comentaram a renúncia de Cunha.
O presidente nacional da legenda, Rui Falcão, disse que a renúncia do deputado não deve paralisar o processo de cassação que está em curso contra Cunha na Câmara. "Cunha renunciou, mas o processo de sua cassação continua. #CunhaNaCadeia", disse Falcão.
O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), também usou o Twitter para comentar a renúncia. "Eduardo Cunha renúncia (sic) para tentar salvar o mandato e fazer o sucessor. Tudo combinado com Temer. Vamos cassa-lo (sic) e evitar q faça o sucessor", disse o parlamentar.
PT x Cunha
O histórico de ataques entre Cunha e o PT é antigo. Cunha acusou o governo de estar por trás das investigações conduzidas pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra ele e seus familiares e que indicam que eles teriam se beneficiado de recursos oriundos do pagamento de propina do esquema apurado pela Operação Lava Jato.
Cunha nega envolvimento no esquema e disse que, pouco antes de aceitar o pedido de impeachment contra a presidente, ele se encontrou com o então ministro-chefe da Casa Civil Jaques Wagner, que teria lhe oferecido apoio no Conselho de Ética da Câmara em troca de apoio contra o impeachment.
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