Cidades

Delegado Paulo Tavares cobra reforma da delegacia aprovada pela Câmara e emperrada na Prefeitura

Vereador Lado de Dona Dudu critica delegado depois de deixar o plenário e termina batendo boca com populares após vaias

A reunião da última terça-feira (10) na Câmara Municipal foi marcada por debates sobre segurança pública, tema recorrente na Casa. Uma das falas que mais chamou a atenção durante a reunião foi a do delegado regional da Polícia Civil, Paulo Tavares.

Segundo o delegado Paulo Tavares, a legislação penal está ultrapassada e não permite que o sistema funcione como deveria. (Foto: Ageu Ebert)
Segundo o delegado Paulo Tavares, a legislação penal está ultrapassada e não permite que o sistema funcione como deveria. (Foto: Ageu Ebert)

O delegado teceu duras críticas à legislação penal, apontada por ele como o principal problema. Segundo o delegado, a lei está ultrapassada e não permite que o sistema funcione como deveria.“Nossa lei é ridícula. Eu digo aos senhores, não adianta ter cercas, grades e alarmes se os bandidos estão nas ruas. A gente prende e daí a trinta dias o vagabundo está solto. E não é problema do Judiciário. A gente tem que cobrar é de quem faz as leis”. Tavares  aproveitou também para criticar os defensores dos direitos humanos e disse que essas comissões deveriam rever seus posicionamentos. Segundo ele o que se vê na prática é os representantes dos direitos humanos visitando cadeias para saber se o bandido está sendo bem tratado, mas que ele  em todos os anos de profissão nunca viu a visita ser feita às famílias das vítimas que perdem seus entes queridos nas mãos de criminosos.

O delegado regional também cobrou mais colaboração do Governo Municipal. De acordo com ele a reforma da delegacia que foi aprovada pela Câmara no governo anterior está emperrada na Prefeitura até hoje. Ele salientou a importância dessas obras para oferecer melhores condições de trabalho e disse que é preciso que os responsáveis dentro da Prefeitura busquem saber o que está agarrando a liberação. “Já recebemos a visita de engenheiros, foram feitos três orçamentos e até hoje nada. Esse processo está agarrado na Prefeitura”, disse.

O vereador Bernardo Mucida (PSB) quis saber do delegado o que poderia ser feito no âmbito municipal para contribuir com a redução da criminalidade. Paulo Tavares disse que ações simples, se adotadas pela Prefeitura, já ajudariam bastante citando como exemplo a cessão de servidores públicos  do município para as polícias civil e militar. Segundo ele, esses funcionários cedidos passariam a fazer o serviço administrativo e assim, os policiais que hoje fazem esse trabalho poderiam ser deslocados para o policiamento.

O delegado falou também sobre a importância de se construir em Itabira um centro de internação para menores e chegou a dizer que “sem ele estaremos ainda pior no ano que vem”, deixando claro que os problemas enfrentados pela polícia no combate ao crime praticado por menores é ainda mais delicado do que parece.

Bate boca na Câmara

Depois do delegado Paulo Tavares deixar o plenário, o vereador Geraldo Martins da Costa "Lado de Dona Dudu" (PMDB) fez uso da palavra e criticou o posicionamento do delegado que cobrou da Prefeitura o andamento de um projeto para a segurança que está parado há anos. De acordo com o vereador, o delegado foi infeliz na sua fala.

A tentativa de Lado em defender o Governo e desabonar a fala do delegado causou insatisfação no plenário. Uma senhora inconformada com a posição do vereador perguntou a ele porquê não havia questionado o delegado enquanto ainda estava no plenário como fez os demais vereadores, sendo apoiada por outras pessoas.

Nesse momento, o vereador já visivelmente transtornado virou-se em direção ao público iniciando um verdadeiro bate-boca no plenário. A todo momento ele dizia que estava em "sua Casa" e que não aceitaria as provocações e disse em tom ríspido à senhora que se ela quisesse falar alguma coisa que fosse para as ruas pedir voto para ter o direito de sentar naquela cadeira. A fala do vereador causou ainda mais manifestações de diversas pessoas que classificaram de "arrogância" a maneira como ele colocou."É desse jeito, quando vai pedir o voto chega sorrindo com tapinha no ombro mas quando senta na cadeira se acha superior a todo mundo. Você é pago com dinheiro do povo e tem que saber se dar o respeito.", disse outra senhora que se identificou com eleitora do vereador.

Lado também bateu boca diretamente com outro senhor e aos gritos pediu que ele o respeitasse, senão seria retirado o que provocou a indignação de todo plenário. Lado, sufocado com as manifestações contra sua fala, pediu ao presidente da Câmara, vereador Solimar (SD), que chamasse a força policial para evacuar o plenário, dizendo que esse era um direito garantido a ele no regimento da Casa.

O presidente da Câmara, entendendo a indignação dos cidadãos com a fala do vereador, preferiu agir com ponderação pedindo educadamente às pessoas que cessassem as críticas ao vereador.

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