Coluna

A sedução do poder

Um jovem pobre sonhava em ser prefeito de sua cidade, mas sabia que antes tinha que se preparar muito, então começou a estudar e formou-se em uma das melhores faculdades. E como o sonho dele era ser prefeito, tão logo começou a trabalhar, começou também a se organizar politicamente. Filiou-se a um partido e começou a construir um projeto de governo que mais tarde seria apresentado à população.

Depois de algumas disputas o jovem finalmente chega ao poder. Empossado, começa as nomeações e alguns considerados bem próximos ficam encarregados de o ajudar a montar o governo que seria bem técnico e administrar a cidade. Envaidecidos com o poder, os encarregados de o ajudar a fazer uma boa administração começaram a dar as cartas e trataram logo de expulsar do grupo outros que também contribuíram para a chegada do jovem ao poder. Eles não aceitavam que outras cabeças pensantes pudessem compor o grupo, sentiam-se ameaçados,  acreditavam que quanto menos pessoas tivessem acesso ao prefeito, melhor seria.

Para manter o prefeito distante dos demais, o pequeno grupo, que não passa de três, usa uma velha estratégia bem conhecida: não deixar o prefeito momento algum só, estar sempre bem próximo e levar a ele todos os dias bastante informação positiva sobre o governo. Sempre que um tece um comentário positivo o outro mais tarde trata de endossar. Da mesma forma criticam os companheiros que eles querem distante e sempre os responsabilizam pelos fatos negativos, que eles mesmo constroem de acordo com o interesse, tudo orquestrado, mas de maneira bem sutil para que o tolo prefeito não desconfie.

Então, a estratégia tem que ser perfeita, não pode falhar. Por isso é bom buscar o prefeito em casa, passar para ele as primeiras informações do dia sempre acordada entre eles, mesmo sabendo que mais cedo ou mais tarde a verdade vai aparecer.

Temendo a antecipação da verdade, o mais esperto decide deixar o governo pois não quer assinar documento, e fora do governo dá as ordens tranquilamente. Posição cômoda pois é mesmo bom mandar sem se responsabilizar.

Há um tanque de pólvora com um pavio queimando lentamente, que em breve irá explodir e o espertalhão vai sair sem ser chamuscado. Pobre prefeito...

Geraldo Ribeiro (MG)

25 Posts

Causos e Crônicas

Comentários


  • 07-07-2014 18:01:00 Jose Raimundo Firmino

    Essa estoria, ate parece verdade,o que esta acontecendo na Prefeitura de Itabira é justamente igual,a este causo.

  • 02-07-2014 20:17:00 Júlio Couto

    Intressante que esta crónica parece um fato real. Não sei se é o caso das palavras do nobre escritor. mas que eu conheço esse filme é verdade. escritor