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EPITÁFIOS

Gosto dos epitáfios.

Escritos para o além-vida, há no epitáfio qualquer coisa de honesto e humano eternizado. O epitáfio será, com certeza, um dos melhores textos que alguém já escreveu.

Simples ou poéticas, sóbrias, descontraídas e bem humorada, as inscrições nas lápides parecem ser um ato útil por duas razões: anunciarmos que a vida não é eterna e que a arte é a única eternidade que dispomos. 

É difícil imaginar que algo tão sério possa ser engraçado ou curioso, mas algumas pessoas mantêm o bom humor até na hora da morte. Os escritores, em especial, são mestres em “epitáfios literários”.

O problema é que nem sempre se tem o desejo atendido.

Nelson Rodrigues, por exemplo, controverso escritor e jornalista, conhecido pelo humor ácido e politicamente incorreto, escolheu, em tempo, o próprio epitáfio: “Aqui jaz Nelson Rodrigues, assassinado pelos imbecis de ambos os sexos.”

Contudo, não respeitaram o desejo do escritor maldito.

José Saramago escreveu: “Quando eu morrer, se se puser uma lápide no sítio onde eu ficar, poderá ser qualquer coisa assim: Aqui jaz, indignado, fulano de tal. Indignado, claro, por duas razões. A primeira por já não estar vivo, que é um motivo bastante forte para nos indignarmos. E a segunda, mais séria, indignado por ter entrado num mundo injusto e ter saído de um mundo injusto.”

Reprodução - 

Fernando Sabino - escritor
“Aqui jaz Fernando Sabino que nasceu homem e morreu menino.”

Frank Sinatra - cantor
“O melhor ainda está por vir.”

Millôr Fernandes - escritor e humorista
“A gente só morre uma vez. Mas é para sempre.”

Virginia Woolf - escritora
“Contra ti me arremessei, invencível e persistente, ó Morte.”

Álvares de Azevedo - poeta
“Foi poeta, sonhou e amou na vida.”

Mel Blanc  - ator
“Isso é tudo, pessoal."

Willian H. Hahn Jr. -  desconhecido
“Eu disse que estava doente!”

Billy Wilder -  cineasta, roteirista, produtor e jornalista
“Eu sou um escritor, mas ninguém é perfeito."

Joan Hackett - atriz
“Vá embora, estou dormindo."

John Keats - poeta
“Aqui descansa alguém que escreveu seu nome na água.”

Fernando Pessoa - escritor
“Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. 
Sê todo em cada coisa. 
Põe quanto és no mínimo que fazes. 
Assim, em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive.”

Leslie Nielsen - ator
Resolveu fazer um trocadilho com a sigla “RIP” – Rest In Peace. Em seu epitáfio, pode-se ler “let ‘it rip”, que significaria “soltou um peido”. 

Merv Griffin - apresentador de televisão, músico, cantor, ator
“Eu não vou voltar, depois desta mensagem.”

Robert B. Allison - famoso pistoleiro do Velho Oeste
“Ele nunca matou um homem que não precisasse ser morto.”

Charles Bukowski - poeta, contista e romancista 
"Não tente."

Chico Anysio - ator e humorista
“E agora, vão rir de quê?”

Jorge Eduardo Guinle - socialite e playboy 
“Aqui jazz.”

Paulo Gracindo - ator 
“Ingrata, já de branco, não é?”

Cazuza - cantor e compositor
“O tempo não para.”

Clarice Lispector - escritora
“Dar a mão a alguém sempre foi o que esperei da alegria.”

Dostoiévski -escritor
“Em verdade vos digo que se o grão de trigo que cai na terra não morrer, é por si só, mas se ele morrer produz muito fruto.”

Oscar Wilde - escritor
“E lágrimas desconhecidas encherão para ele
a urna da Compaixão, há muito trincada.
Pois quem o pranteia são homens proscritos
e esses choram sempre.”

A. Rimbaud - escritor
“Reze por ele.”

F. Scott Fitzgerald - escritor
“Estive bêbado e muitos anos depois me morri.”

Rainer Maria Rilke - escritor
“Rose, oh pura contradição, prazer de ser o sonho de ninguém sob tantas pálpebras.”

Eu também já escrevi o meu, mas, por favor, destino, sem pressa:
“Tudo vem do pó e retorna ao pó. Tudo é pó-esia.”

Ediel Ribeiro (RJ)

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Coluna do Ediel

Ediel Ribeiro é carioca. Jornalista, cartunista e escritor. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) do romance "Sonhos são Azuis". É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG). Autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty" publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ) e Editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!". O autor mora atualmente no Rio de Janeiro, entre um bar e outro.

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