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Menina indígena de 12 anos morre durante parto de emergência em Betim; bebê sobrevive

Caso é investigado como estupro de vulnerável; adolescente vivia com a família em ocupação da etnia Warao


 

Reprodução / Redes Sociais - 

Betim (MG) - Uma menina indígena de 12 anos morreu no último domingo (13) após complicações graves durante um parto de emergência no Centro Materno-Infantil de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Grávida de 32 semanas, ela sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) e não resistiu à cirurgia após o nascimento do bebê. O recém-nascido, um menino, sobreviveu e permanece internado na maternidade.

A adolescente era integrante da etnia Warao, de origem venezuelana, e vivia com familiares em uma ocupação em Betim. O grupo chegou à cidade em setembro de 2023, após passar por outros estados brasileiros desde a saída da Venezuela. Atualmente, cerca de 200 pessoas vivem na comunidade.

De acordo com familiares, a gravidez só foi descoberta após seis meses de gestação, quando a menina começou a apresentar náuseas, perda de apetite e crescimento abdominal. Ainda segundo relatos, ela não havia informado a família por não compreender plenamente o que estava acontecendo.

A situação se agravou na semana passada. A adolescente começou a sentir fortes dores de cabeça e apresentou convulsões. Foi levada inicialmente a uma unidade de pronto atendimento na quinta-feira (10) e, no dia seguinte, encaminhada ao hospital em estado grave. Diante do quadro neurológico, a equipe médica realizou uma cesariana de emergência. Após o parto, a paciente foi submetida a uma cirurgia para conter a hemorragia cerebral, mas não resistiu.

Em nota, a Prefeitura de Betim informou que todos os protocolos clínicos foram seguidos e que a família recebeu acompanhamento multiprofissional, incluindo suporte psicológico. O óbito foi registrado como decorrente de complicações gestacionais.

Segundo o tio da adolescente, Andy Tovar, o autor da gravidez é um homem de 22 anos que vivia na mesma comunidade. “Essa morte foi pela gravidez dela”, disse ele. “Foi um homem adulto, já sabemos quem é.” O caso é tratado como estupro de vulnerável, uma vez que o Código Penal Brasileiro considera crime qualquer relação sexual com menores de 14 anos, mesmo com consentimento.

A Polícia Civil instaurou inquérito para investigar o caso. A apuração está sob responsabilidade da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher de Betim. Em nota, a corporação informou que “a investigação visa a esclarecer os fatos e, entre outras diligências, apurar o crime de estupro de vulnerável”.

O corpo da adolescente foi velado nesta segunda-feira (14) na própria ocupação onde vivia. Moradores realizaram uma homenagem em frente à maternidade. O cacique da comunidade declarou que “esse caso não pode ficar impune”.

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