Ensino superior cresce no Brasil, mas desigualdades raciais e de gênero persistem
Censo 2022 revela avanço na educação, mas brancos ainda têm mais acesso à universidade

Belo Horizonte - O Censo Demográfico de 2022, divulgado nesta quarta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que 18,4% dos brasileiros com 25 anos ou mais concluíram o ensino superior. O percentual representa um avanço em relação a censos anteriores: em 2000, apenas 6,8% tinham diploma universitário, enquanto em 2010 esse número subiu para 11,3%.
Apesar do progresso, quatro em cada cinco brasileiros adultos ainda não possuem ensino superior. O pesquisador do IBGE Bruno Perez destaca que parte dessa população é composta por pessoas mais velhas, que enfrentaram dificuldades de acesso à educação ao longo da vida.
Outro dado positivo foi a redução do número de pessoas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto, que caiu de 63,2% em 2000 para 35,2% em 2022. Além disso, 56,4% dos jovens de 18 a 24 anos estavam matriculados em algum curso de ensino superior no ano da pesquisa.
Desigualdade racial no ensino superior
Os dados mostram que o acesso ao ensino superior ainda é desigual entre os diferentes grupos raciais. Enquanto 25,8% dos brancos concluíram a graduação, apenas 11,7% dos pretos e 12,3% dos pardos conseguiram o mesmo feito.
No entanto, a expansão do ensino superior beneficiou mais intensamente a população negra nas últimas duas décadas. O percentual de brancos com diploma universitário cresceu 2,6 vezes desde 2000, enquanto o de pretos aumentou cinco vezes, e o de pardos, 4,9 vezes.
A disparidade racial também se reflete nas carreiras universitárias. Cursos como medicina, economia e odontologia são majoritariamente frequentados por brancos (75,5%, 75,2% e 74,4%, respectivamente). Em contrapartida, áreas como serviço social (52% de negros), religião e teologia (50,8%) e formação de professores (46,4%) apresentam maior equilíbrio racial.
Mulheres ganham espaço em profissões tradicionalmente masculinas
O levantamento também evidencia a crescente presença feminina em algumas carreiras. Embora os cursos de engenharia mecânica e metalurgia ainda sejam dominados por homens (92,6%), as mulheres já representam a maioria entre os formados em direito (51,1%) e administração (52,3%).
A participação feminina se destaca principalmente entre os mais jovens. Em medicina, por exemplo, 49,9% dos médicos formados eram mulheres, mas entre aqueles com até 29 anos, esse percentual sobe para 60,2%. Tendência semelhante ocorre no direito (51,1% do total de formados eram mulheres, mas 62,1% entre os mais jovens) e na administração (52,3% no total, contra 59,2% entre os recém-formados).
Áreas mais procuradas no ensino superior
Os cursos superiores mais frequentados no Brasil em 2022 foram:
- • Negócios, administração e direito – 8,5 milhões de formados
- • Saúde e bem-estar – 4,1 milhões
- • Educação – 3,6 milhões
Entre os cursos específicos, os mais populares foram:
- • Gestão e administração – 4,1 milhões de formados
- • Formação de professores – 3,1 milhões
- • Direito – 2,5 milhões
Os números do Censo 2022 mostram um avanço na escolarização dos brasileiros, mas evidenciam desafios para tornar o acesso ao ensino superior mais igualitário.
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