Sérgio Moro se apresentou em um evento de negócios como um possível candidato à presidência do país. Em seu discurso de mais ou menos 55 minutos contrapôs aos governos de Bolsonaro e Lula. Com relação a estes culpou pela situação econômica negativa na qual o país encontra.
Em meu artigo intitulado “O discurso político e a opinião pública”, publicado aqui no O Folha de Minas, descrevo a importância de compreender os discursos de candidatos aos pleitos eleitorais e, como estes tem o objetivo claro de alcançar o maior número de eleitores possíveis. Recomendo a leitura para avançar nesse texto.
O que será realizado aqui é um estudo do discurso de Sérgio Moro como possível candidato ao cargo máximo do poder executivo nacional. Você o conhece? Se não, tem essa oportunidade agora. Também será descrito as falhas em seu raciocínio identificados nesse discurso.
Primeiro Sérgio Moro se apresenta como um nome que foi convidado para concorrer ao pleito de 2022 como candidato a presidente do país, alguns de seus colaboradores dizem que este poder ser candidato ao senado, vai depender das respostas que vierem das pesquisas apresentadas até março. Creio que o caminho para o senado seja o mais tranquilo no momento.
Moro como um candidato novo não apresenta um projeto consistente para o país, realiza críticas ao que foi feito até o momento, mas não tem o seu construído, planejado. Em relação a isso diz que sua equipe está dialogando com a sociedade para que possa produzir seu plano de governo. Nessa altura do campeonato, usando uma gíria do futebol, já era para ter algo apresentável para ser debatido com seus possíveis eleitores.
Com relação ao combate a pobreza ele apresenta a criação do que ele denominou de força tarefa. Esse jargão ficou mais conhecido com a Lava Jato que foi comparada ao processo que será usado para diminuir as desigualdades econômicas entre classes no país. Seria criado uma agência que teria como função erradicar a pobreza. Essa irá agir de forma transversal perpassando os outros ministérios e também entes da federação. Nesse ponto já apresenta um problema: a autonomia que cada ente federado possuí. Segundo seu pensamento erradicar a pobreza não necessita de maiores investimentos somente usar o que já tem com maior eficiência. As políticas públicas devem ser implementadas conforme a necessidade local. No discurso parece fácil fazer, mas a realidade brasileira demonstra outra que não é bem assim. O combate a pobreza no país exige que a política econômica também siga essa direção. Quanto a isso ele não posicionou.
E, por falar em a política econômica este diz ser favorável às privatizações, ou seja, ao estado mínimo. O problema está justamente em seu programa de combate a pobreza: o estado mínimo tem muita dificuldade de confeccionar políticas públicas eficientes. O mercado, que é defendido pelo possível candidato, com maior competência na produção de bens e serviços é o mesmo mercado que requer do estado o mínimo de compromisso com alguns “produtos” de extrema lucratividade: educação, saúde e previdência (aposentadoria). Os investimentos públicos nessas áreas são fundamentais no combate a erradicação da miséria. Este conflito de interesses em seu discurso não tem uma possível solução apresentada.
A respeito da educação, Moro diz que não é necessário haver um aumento do investimento na área. Seguindo o mesmo discurso do estado mínimo apresentado até o momento se posiciona a favor da escola técnica para gerar maiores empregos. Neste caso os recursos aplicados devem ser melhores gerenciados para este fim. Quem trabalha e dedica seu tempo a educação sabe que vários programas nessa direção foram realizados e, poucos foram produtivos. Em alguns estados houve até redução nos investimentos nessa área devido as ações realizadas como congelamento de salário, falta de recursos para infraestrutura nos prédios e, outros.
Falando sobre o meio ambiente, o antigo ministro da segurança, diz ser essencial preservar e, ao mesmo tempo permitir que os habitantes locais consigam retirar da floresta [amazônica] seu meio de sobrevivência. Poderá ser criada uma agência de segurança para a floresta e fomentar o IBAMA. Essa seria uma saída para recuperar a imagem perdida internacionalmente pelo Brasil na condução de projetos para o meio ambiente e reaver os recursos financeiros perdidos nessa área.
Terminou sua palestra falando sobre corrupção usando a Lava Jato como exemplo de combate a estes atos. Lógico que mencionou somente sobre o esquema de corrupção que segundo ele acontecia na Petrobras e, como a força tarefa às combateu. A culpa, segundo ele, é do seu adversário ao pleito de 2022 do PT, Lula. Se comprometeu a recriar o combate a corrupção aos moldes da Lava Jato, será este seu projeto carro chefe. Não disse que o meio usado para combater os desvios ajudou a aumentar o desemprego no país e, também a falir as empresas que estavam envolvidas.
Sérgio Moro é um candidato de extrema direita com discurso de centro direita. Este comportamento é necessário para aproximar do eleitor mais pobre financeiramente e, também para alinhar sua aproximação com o mercado financeiro. Em nenhum momento informou o que o levou a estar na equipe do governo atual que ele mesmo critica. Não apresentou nenhuma proposta consistente para o desenvolvimento do país e saída da crise econômica/política na qual estamos no momento.
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