Detentas de Carmo do Paranaíba participam de projeto de remição pela leitura
Ministério Público, Judiciário e comunidade apoiam a atividade, que conta com a participação de 18 presas
Inicialmente, o projeto “Ler Liberta” atraiu o interesse das detentas do Complexo Penitenciário Nossa Senhora do Carmo, em Carmo do Paranaíba, Região do Alto Paranaíba, pela possibilidade de remição de pena. Hoje, após quase dois meses de leituras e resenhas, virou uma paixão na ala feminina da unidade prisional.
“Elas sentem um desejo enorme de aprender e fazer descobertas. Em pouco tempo, a ansiedade pela redução da pena transformou-se em algo muito além, uma ânsia por descobrir o mundo”, conta a pedagoga Tânia Maria da Rocha Castro, uma das responsáveis pela implantação do projeto para as detentas do Complexo Penitenciário.
A pedagoga explica que o apoio do Ministério Público Estadual é de extrema importância para o início das atividades.
“Graças aos membros do MP, recebemos doações de livros da comunidade, divulgação do projeto e temos o acompanhamento das atividades”. Ela destaca, principalmente, a atuação da Vara de Execução Criminal da Comarca, pois somente o juiz pode autorizar a remição, que são quatro dias a menos para cada resenha feita sobre o livro escolhido pela detenta.
Foram arrecadados cerca de 500 livros de literatura, autoajuda e outros gêneros. Os volumes encontram-se no Ministério Público, e estão à disposição das leitoras do projeto. O diretor-geral do complexo penitenciário de Carmo do Paranaíba, Rodrigo Lucas de Borba, considera o Projeto “Ler Liberta” uma oportunidade importante no processo de ressocialização. “Somado aos benefícios das leituras, contamos também com a ajuda da comunidade, do Ministério Público e do Judiciário”, reforça Borba.
Funcionamento
Além da obrigatoriedade de redigir uma resenha, com no mínimo 60% de aproveitamento, as detentas precisam participar de conversas com voluntários do projeto, professores da rede pública e servidores da penitenciária, para trocar ideias sobre as leituras e receberem orientações para a produção do trabalho. Essas atividades acontecem em uma sala multiuso, construída com verbas doadas pelo Poder Judiciário.
Laila Talita Teixeira Martins, 32 anos, é uma das 18 presas integrantes do projeto, e está perto de concluir a leitura do segundo livro, “Garra de Campeão”, de Marcus Rey. A obra tem inspirado a detenta a sonhar e lutar pelos sonhos. “O personagem principal do livro fez isto e também quero. Obtive sucesso no Encceja e agora vou me preparar para o Enem, pois vou estudar Direito”, revela.
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