Saúde

Substâncias do ipê branco ajudam no tratamento de gota e inflamações

Estudo financiado pela Fapemig e desenvolvido na Ufop descobre importantes propriedades medicinais na planta do cerrado

Ipê branco, árvore típica do cerrado mineiro, é alvo de pesquisa nos laboratórios da Ufop (Foto: Luiz Gustavo Leme/Flickr)
Ipê branco, árvore típica do cerrado mineiro, é alvo de pesquisa nos laboratórios da Ufop (Foto: Luiz Gustavo Leme/Flickr)

O ipê branco, árvore típica do cerrado mineiro, tem propriedades medicinais capazes de reforçar o tratamento da doença popularmente conhecida como gota. A descoberta foi possível graças a um estudo com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

Aprovado pelo Edital de Demanda Universal (2/2012), o projeto que investiga as atividades anti-inflamatórias e anti-hiperuricêmica do ipê branco, com foco no tratamento de gota, recebeu da fundação financiamento de R$ 24.585,75.

A pesquisa encontrou substâncias na planta capazes de contribuir para o tratamento da doença, que atinge entre 1% e 2% da população adulta mundial, afirma a coordenadora do projeto, a pesquisadora da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) Dênia Saúde-Guimarães.

O aumento da concentração de ácido úrico no sangue (hiperuricemia) é a condição essencial ao desenvolvimento de gota. Segundo levantamentos científicos, 10% das pessoas com hiperuricemia desenvolvem a doença, e 90% de pacientes com gota são hiperuricêmicos.

Doenças cardiovasculares, hipertensão, obesidade, dislipidemia, hiperglicemia e resistência à insulina estão correlacionadas às concentrações acima do índice ideal de ácido úrico. 

“Até o momento, o estudo vem demonstrando que os extratos obtidos das folhas e da madeira do ipê branco apresentam o efeito de redução do ácido úrico no sangue  pela diminuição da sua síntese”, afirma Dênia Saúde-Guimarães. 

O trabalho tem por objetivo avaliar as atividades anti-inflamatórias e anti-hiperuricêmica dos extratos etanólicos e aquosos das folhas e madeira de Tabebuia roseo-alba (Ipê Branco) e identificar os  seus constituintes químicos. 

Redução do Ácido Úrico 

“Os extratos etanólicos e aquosos foram capazes de inibir a síntese de ácido úrico por inibirem a enzima xantina oxidase no fígado de camundongos. Esta enzima é responsável pela transformação da purina xantina em ácido úrico.”, explica a pesquisadora.

Camundongos hiperuricêmicos tratados por via oral com os extratos etanólicos e aquosos do ipê branco tiveram os níveis de ácido úrico no sangue reduzido. 

Atividade anti-inflamatória

Os extratos do ipê branco também apresentaram ótima atividade anti-inflamatória. Seus efeitos foram semelhantes ao da indometacina, anti-inflamatório já utilizado na clínica. “Os resultados mostram que estes extratos são uma promissora alternativa para o tratamento da gota”, destaca Dênia. 

Eles podem atuar tanto na redução dos níveis de ácido úrico no sangue como na resolução das complicações associadas à patologia, tais como a inflamação. Substâncias detectadas nos extratos podem ser as responsáveis pelas atividades farmacológicas. 

Medicamento 

A pesquisadora Dênia Saúde-Guimarães recorda que um medicamento fitoterápico só chega ao mercado após passar pelos estudos exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Para ser aprovada a criação de medicamentos são necessários os estudos pré-clínicos e clínicos. A pesquisa está na fase dos estudos pré-clínicos. 

Existe a possibilidade de os extratos do ipê branco, após passar por uma minuciosa investigação científica, constituir matéria-prima para o desenvolvimento de fitoterápicos para o tratamento da hiperuricemia, gota e inflamação. 

Também existe a possibilidade das substâncias bioativas isoladas destes extratos tornarem-se fármacos para o tratamento de processos inflamatórios e da gota, o que irá contribuir para ampliar o arsenal terapêutico para o tratamento da doença.

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