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Bolsonaro lidera novo ato pró-anistia com apoio religioso e político na Avenida Paulista

Evento reuniu lideranças evangélicas, sete governadores e parlamentares da direita em defesa da anistia aos envolvidos no 8 de janeiro; opositores criticaram proposta e ironizaram público presente

Reprodução / Redes Sociais  

São Paulo - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou neste domingo (6) de mais uma manifestação pública em defesa da anistia para os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram depredadas em Brasília. O ato, realizado na Avenida Paulista, em São Paulo, contou com a presença de líderes religiosos, além de sete governadores e outras lideranças políticas alinhadas ao ex-presidente.

A mobilização foi organizada pelo pastor Silas Malafaia, um dos principais aliados de Bolsonaro no meio evangélico. A proposta central do movimento é pressionar o Congresso Nacional e o Judiciário para aprovar um projeto de anistia aos condenados pelos atos antidemocráticos.

Durante seu discurso, Bolsonaro negou qualquer tentativa de golpe, mas afirmou que, se estivesse no Brasil no dia dos ataques, teria sido preso. "Algo me avisou. Se eu estivesse no Brasil, eu teria sido preso e estaria apodrecendo até hoje ou até assassinado", declarou, justificando sua fuga para os Estados Unidos no final de 2022. A fala do ex-presidente deixa a entender que ele tinha conhecimento dos ataques que estavam prestes a acontecer nas sedes dos Três Poderes.

O ex-presidente também mencionou a ausência de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, que se mudou para os EUA sob alegação de perseguição política. Segundo ele, Eduardo mantém contatos internacionais importantes, o que alimenta sua expectativa de uma intervenção externa. "Tenho esperança que de fora venha alguma coisa para cá", disse.

Essa declaração de Bolsonaro também levanta questionamentos sobre que tipo de intervenção de fora estaria ele esperando e também qual o papel de seu filho Eduardo nessa articulação.

Antes do ato, Bolsonaro posou para uma foto ao lado de sete governadores: Romeu Zema (Novo-MG), Jorginho Mello (PL-SC), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União-GO), Wilson Lima (União-AM), Ratinho Junior (PSD-PR) e Mauro Mendes (União-MT).

Este foi o segundo ato de grande porte liderado por Bolsonaro em menos de um mês. Em 16 de março, ele já havia participado de outro ato também organizado por Silas Malafaia, que reuniu apoiadores em Copacabana, no Rio de Janeiro, com participação de quatro governadores e lideranças evangélicas.

A nova manifestação reforça a estratégia de Bolsonaro em mobilizar sua base evangélica conservadora, usando a pauta da anistia como bandeira política e tentativa de reaproximação com o eleitorado.

Críticas e ironias: governistas rejeitam proposta de anistia

Lideranças contrárias a anistia aos que depredaram as sedes dos Três Poderes reagiram negativamente ao evento nas redes sociais. A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), afirmou que o povo “não apoia a anistia” e criticou os ataques verbais ao Supremo Tribunal Federal e ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB).

“A palavra anistia, na boca dos golpistas, se reduz a uma farsa. Querem apagar os fatos que aterrorizaram o país, mas não escondem o ódio que continua guiando suas ações”, escreveu a ministra no X, reforçando a necessidade de responsabilização legal.

O perfil oficial do PT também se posicionou contra a proposta: “Criminoso anistiado é incentivo ao crime. O povo brasileiro quer justiça, não impunidade”.

O senador Humberto Costa (PT-PE) ironizou a quantidade de pessoas presentes ao ato. Segundo levantamento da Universidade de São Paulo (USP), cerca de 44 mil pessoas participaram da manifestação. “A manifestação entre o Paraíso e a Consolação ficou mais para a consolação”, escreveu o parlamentar.

Outros nomes da base governista, como Randolfe Rodrigues (PT-AP) e Lindbergh Farias (PT), também criticaram o ato e rejeitaram a proposta de anistia. Farias chamou a manifestação de “fracasso” e alegou que os participantes foram transportados por “ônibus fretados” pelo governo de São Paulo.

Além disso, o parlamentar destacou pesquisa do Datafolha que aponta que 56% da população é contra a anistia aos envolvidos no 8 de janeiro e 67% rejeitam uma nova candidatura presidencial de Bolsonaro.

 

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