- Athaliba, a política no Rio de Janeiro envergonha o Brasil e virou chacota mundo afora, com as escancaradas enxurradas de corrupções. O Ministério Público e a Polícia deflagraram a segunda etapa da “Ação Catarata”, que prendeu o secretário estadual de Educação, Pedro Fernandes; a ex-deputada federal Cristiane Brasil; o ex-diretor financeiro da Fundação Leão XIII, João Marcos Borges Mattos; o delegado aposentado de polícia Mário Jamil Chadud e o filho dele, o empresário Flávio Salomão Chadud.
- Marineth, qual o significado da “Ação Catarata”?
- Athaliba, o nome da ação foi dado em função da corrupção de cerca de R$ 30 milhões no programa Novo Olhar que oferecia exames oftalmológicos e dava óculos para alunos da rede estadual, em contratos da Fundação Estadual Leão XIII, no período de 2015 a 2018 quando o secretário da Educação, Pedro Fernandes, era presidente. Ele é apontado como chefe da máfia instalada no órgão, do qual se sentia “dono”.
- Marineth, a Leão XIII foi criada em 1947 como instituição assistencial carioca para realizar melhoria nas favelas. Mas, porém, está manchada por ser cabide de emprego para apadrinhados de políticos e de servir como instrumento de fachada para ações policiais no período conhecido como “caça aos comunistas”.
- Athaliba, o Pedro Fernandes, ao receber voz de prisão, apresentou exame com resultado positivo do COVID-19 e, assim, teve a prisão preventiva transformada em domiciliar. Ele, 37 anos, formado em Odontologia, é filho da vereadora Rosa Fernandes e neto do ex-deputado estadual Pedro Fernandes Filho, morto em 2005. Comandou a ala jovem do Partido da Frente Liberal, teve três mandatos de deputado estadual e cargos importantes nos governos de Sérgio Cabral (preso por corrupção e condenado a mais de 250 anos), Luiz Fernando Pezão (acusado de corrupção) e Wilson Witzel (afastado do cargo e que pode sofrer impeachment pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro nos próximos dias), além da prefeitura do Rio.
- Marineth, que “escola de excelência em corrupção” o Pedro Fernandes se formou, né? E do que a ex-deputada Cristiane Brasil – pré-candidata à Prefeitura do Rio – é acusada?
- Athaliba, ela, que é filha do ex-deputado Roberto Jefferson Monteiro Francisco (que é o presidente nacional do PTB e denunciou o esquema do “mensalão” e esteve preso), responde por atos irregulares entre 5/2013 a 5/2017 quando assumiu secretarias municipais nas gestões dos prefeitos Eduardo Paz e Marcelo Crivella. Cristiane chegou a ser nomeada ministra do Trabalho no governo Temer, mas, porém, teve a posse suspensa pelo Supremo Tribunal Federal, devido a condenações na Justiça Trabalhista. Foi um escândalo de proporções internacionais.
- Marineth, qual o núcleo político do esquema de corrupção e os outros denunciados?
- Athaliba, a Ministério Público diz que o núcleo político do esquema da corrupção contava com Cristiane Brasil, Pedro Fernandes, Sérgio Fernandes e João Marcos Borges Mattos, com a função de “viabilizar as fraudes licitatórias nas respectivas pastas e por prorrogar os contratos fraudulentos, mediante ‘propina’ que variava de 5% e 25% do valor pago pelo contrato”. A Justiça aceitou denúncia contra 25 pessoas, agora réus: Álvaro Basílio Neiva, André Brandão Ferreira, Bruno Nogueira Melchiades de Souza, Bruno Campos Selem, Érika Muraoka de Souza (ex-presidente da Leão XIII), Erinaldo Augusto Rocha, Isabel Cristina Teixeira Alves, Isabela Sá Madruga, Jorge Antonio Oliveira Costa, João Magono Menezes Pinto, Kelly Regina Oliveira Vieira, Marcelle Braga Chadud, Marcus Vinícius Azevedo da Silva, Raphael da Silva Gonçalves, Renato Luiz Patuzzo, Rodrigo Motta de Oliveira, Sérgio Bernardino Duarte (ex-presidente da Leão XIII), Suely Soares da Silva, Vera Lúcia Gorgulho Chaves de Azevedo e Vitor Alves da Silva Júnior.
- Marineth, todos acusados de crimes de organização criminosa, fraude licitatória, peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro?
- Sim, Athaliba. O Marcelo Crivella, prefeito do Rio e bispo da Igreja Universal do Reino de Deus é acusado pelo Ministério Público de chefiar esquema de corrupção. Na ação do MP e da Polícia Civil de busca e apreensão na casa dele e no gabinete foram apreendidos documentos comprometedores. Quando o delegado Clemente Braune fazia busca no apartamento do suspeito Rafael Alves, em março, o celular dele tocou. Era o Crivella ligando e perguntou: “Alô, Rafael. Está tendo uma busca e apreensão na Riotur. Você está sabendo”? E aí o delegado respondeu: “Sim, estou ciente. É uma investigação da Polícia Civil e do Ministério Público do RJ” O Crivella percebeu que não era Rafael quem estava falando e rapidamente desligou o celular.
- Marineth, por favor, vamos aprofundar nosso papo sobre o caso do Crivella mais à frente. A “Ação Catarata” me deixou com os olhos embaçados e não quero perder de vista o ministro Luiz Fux, carioca da gema, que acaba de assumir a presidência do Supremo Tribunal Federal.
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