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Participação de Moro na CCJ se limita a defender Operação Lava Jato

Geraldo Magela/Agência Senado

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, esteve ontem (19) na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado para explicar as mensagens atribuídas a ele, publicadas pelo site The Intercept Brasil, que aponta conluio entre o então juiz Sergio Moro e procuradores do Ministério Público para condenar o ex-presidente Lula no âmbito da Operação Lava Jato.

Interpelado pelos senadores, Sergio Moro ficou na defensiva, e com a experiência de ex-juiz, usou técnicas de depoimento para não se comprometer. Ele evitou responder várias perguntas e se limitou a defender seus feitos diante da Operação Lava Jato, desmerecendo as publicações sob a alegação de que foram obtidas de forma criminosa. Moro também tentou descredibilizar o órgão de imprensa o classificando de “sensacionalista”.

A todo tempo, Sergio Moro procurou afirmar que o hackeamento dos celulares dos procuradores não foi feito por um “adolescente com espinhas, mas um grupo estruturado”, sugerindo que há por trás da operação um grupo organizado que tem interesse em acabar com a Lava Jato e anular toda a ação que culminou em prisões e resgate de recursos desviados da Petrobrás.

Sergio Moro foi desafiado por alguns senadores a autorizar o Telegram a liberar as mensagens trocadas entre ele e os procuradores. Foi aconselhado também a pedir que Deltan Dallagnol entregasse seu celular para que fosse periciado. Moro também foi questionado se o que ele fez a frente da Lava Jato não foi também sensacionalismo, uma promoção pessoal, e se a divulgação das conversas da presidente Dilma com Lula, quando estava sendo cogitada sua nomeação como ministro, se não foi também uma ação política e sensacionalista.

O ministro se manteve firme nas respostas, limitando-se a dizer que não tem as mensagens e que quando desinstalou o aplicativo, em 2017, todas as mensagens foram automaticamente apagadas. Disse ainda que tinha o “péssimo hábito’ de comprar sempre celulares baratos que não permitiam armazenar dados e por isso estava sempre trocando de aparelho. 

Moro disse também que não se lembrava de mensagens nem conversas de dois ou três anos atrás, mas que "algumas coisas" podem ter sido ditas por ele nas conversas com o procurador Deltan Dallagnol. 

Porém, pouco tempo depois, terminou mostrando ter boa memória. Provocado por um senador, o ministro falou sobre a refinaria Abreu e Lima, que começou a ser construída no inicio do governo Lula, em 2007, no Pernambuco, citando inclusive números. 

Durante toda a audiência, que durou aproximadamente 10 horas, o ministro tentou passar um recado aos seguidores de Bolsonaro para que “comprassem a briga”. Ele disse que o vazamento dessas mensagens é um ataque à Lava Jato e às instituições e disse ainda que não foi apenas a força-tarefa da Lava Jato hackeada, que tem informação de que há parlamentares e até jornalistas vítimas desses hackers, mas que não cabia a ele dizer quem são essas pessoas, e complementou dizendo que elas deveriam denunciar às autoridades como vítimas.

A tática adotada por Moro foi interpretada por alguns analistas como estratégia de envolver outras pessoas para ganhar apoio e tornar a invasão maior do que o que foi publicado pelo site The Intercept Brasil.

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