"Fui preso três vezes: por ser jornalista, radialista e humorista. Se soubesse, seria corrupto".
(Ediel)
Rio - Sempre quis ter a grana do Eike Batista.
Não deu.
Mas, finalmente, nós temos algo em comum: fomos presos no mesmo presídio.
Em uma das vezes em que fui levado para o prédio da Polícia Federal, na Praça Mauá, no centro do Rio de Janeiro, fiquei numa sala onde só havia uma cadeira.
Um policial, mal encarado, entrava, me fazia umas perguntas e saia.
Lá pelas tantas, ele entrou e me perguntou: você já foi preso antes? Tem algum processo?
- Não, respondi.
Ele virou as costas e saiu novamente.
Alguns minutos depois voltou e, transtornado, gritou: Você tá pensando que isso é brincadeira! Tá mentindo pra polícia?!
Cheio de medo, eu já estava pronto pra admitir até que tinha tocado fogo em Roma.
Foi quando ele jogou no meu colo, uma folha de fax.
Na folha estava escrito que eu tinha um processo em andamento na cidade de Paracambi, Estado do Rio.
A história aconteceu mais ou menos assim: Eu tinha uns vinte e poucos anos., fui jogar futebol no Tupi, um time da cidade, que disputava a terceira divisão do Campeonato Carioca.
Depois dos treinos, nós parávamos num boteco, próximo ao estádio, e tomávamos todas.
No nosso time, jogava um centroavante chamado Expedito, que foi artilheiro no América do Rio.
Um dia, depois de um treino, Expedito me chamou num canto e disse que o dono do boteco queria passar o ponto.
Acabei comprando o boteco.
Era um pé sujo, desses com torresmo, linguiça e ovo-cor-de-rosa na vitrine, São Jorge na parede e serragem no chão.
Foi meu primeiro bar.
A freguesia não era das melhores. Putas, gays, bêbados, proxenetas e decaídos de toda a espécie, mas eu bebia de graça.
Uma noite, chegando no bar, de longe, vi um tumulto na porta.
Dois homens discutiam com as “meninas” e o gerente do bar.
Tentei acabar com a confusão, mas no meio da briga, um deles sacou um revólver e apontou pra mim.
Tomei a arma e dei umas coronhadas nele. A polícia chegou e levou todo mundo pra delegacia.
As “meninas” me defenderam. Fui inocentado, mas nunca dei baixa no processo daí o motivo dele ter aparecido no fax da PF.
Eu nem lembrava mais disso.
Também pudera:
Eu bebia pra cacete!
*Ediel Ribeiro é jornalista e escritor
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