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Casa Branca rebate Lula e nega ambições imperiais de Trump

Porta-voz do governo dos EUA afirma que presidente é “líder do mundo livre” e justifica tarifa de 50% contra o Brasil

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White House / Divulgação - 

Brasília - A Casa Branca respondeu nesta quinta-feira (17) às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que havia criticado o presidente norte-americano Donald Trump por sua postura nas relações internacionais. Em entrevista à CNN Internacional, Lula disse que Trump “não foi eleito para ser imperador do mundo”, e que o Brasil “não aceitará nada que lhe seja imposto”.

A resposta veio da porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, que negou qualquer tentativa de Trump de exercer hegemonia global.
“O presidente Trump não está tentando ser imperador do mundo. Ele é um presidente forte, que defende os interesses dos Estados Unidos, e é o líder do mundo livre”, afirmou a porta-voz, durante coletiva com jornalistas.

Críticas à política brasileira

Leavitt também comentou a decisão do governo Trump de aplicar uma tarifa de 50% sobre as importações brasileiras a partir de 1º de agosto. Segundo ela, a medida está relacionada a “regulações digitais desequilibradas, ausência de proteção à propriedade intelectual e barreiras ambientais” que, segundo o governo norte-americano, prejudicam empresas e produtores agrícolas dos EUA.

O anúncio da sobretaxa foi acompanhado da abertura de uma investigação comercial contra o Brasil. O alvo principal, segundo o Departamento de Comércio dos EUA, é o Pix — sistema de pagamentos instantâneos desenvolvido pelo Banco Central —, que estaria criando “desvantagem competitiva” para bandeiras internacionais de cartões de crédito.

Além disso, Washington também apontou preocupações com o desmatamento na Amazônia, casos de corrupção e a regulação brasileira de empresas de tecnologia.

Brasil reage e fala em reciprocidade

Diante da escalada nas tensões, o governo brasileiro criou um comitê interministerial com representantes da indústria e do comércio para discutir estratégias de resposta. O presidente Lula já sinalizou que poderá recorrer à Lei de Reciprocidade, que autoriza o Brasil a impor medidas comerciais equivalentes contra países que adotem barreiras unilaterais.

“Estamos abertos ao diálogo, mas o Brasil não vai aceitar imposições”, reforçou Lula em sua entrevista à CNN. O presidente brasileiro também minimizou a pressão política vinda de Washington, afirmando que as instituições brasileiras são soberanas e que o país não cederá à ingerência estrangeira.

A medida adotada por Trump foi interpretada por analistas internacionais como uma retaliação política e uma tentativa de aceno ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), aliado do republicano nos últimos anos. Na carta em que anunciou a tarifa, Trump mencionou diretamente o STF e o que chamou de “perseguição política” contra Bolsonaro.

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