Belo Horizonte - O Governo de Minas Gerais lançou nesta quarta-feira (18), no Palácio da Liberdade, o projeto Caminhos do Rosário, iniciativa inédita que une as tradicionais festas afro-mineiras, como as Congadas e o Reinado de Nossa Senhora do Rosário, à crescente política de turismo da fé. A proposta fortalece o afroturismo de base comunitária e posiciona o estado como referência nacional no segmento.

O lançamento ocorre na esteira do reconhecimento, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), dos Saberes e Práticas do Reinado e das Congadas em devoção a Nossa Senhora do Rosário como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.

Segundo dados do governo estadual, o turismo religioso já movimenta R$ 5,5 bilhões por ano em Minas. O Caminhos do Rosário insere as manifestações afro-mineiras nesse contexto, com a promessa de impacto econômico, cultural e social em centenas de comunidades.

Maior trajeto festivo de Congadas do país

O projeto mapeou 701 festas em 332 municípios, com mais de 1.100 celebrações anuais realizadas por 1.170 grupos tradicionais — entre congadeiros, moçambiqueiros, catopês e tamborzeiros. Trata-se do maior circuito festivo de Congadas do Brasil, segundo o governo mineiro.

Para o secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas de Oliveira, o projeto representa uma convergência entre fé, identidade e desenvolvimento cultural:

“Minas oferece ao Brasil e ao mundo um patrimônio que é arte, fé, cultura e território. O Caminhos do Rosário reforça a transversalidade entre cultura e turismo, entre proteção do patrimônio e valorização das comunidades tradicionais”.

A ação integra o programa Afromineiridades, que busca fomentar as expressões culturais afrodescendentes no estado. Além do reconhecimento simbólico, o projeto propõe capacitação de comunidades, promoção internacional e geração de renda por meio do turismo de base comunitária.

Plataforma digital e calendário oficial

Uma plataforma digital no site minasgerais.com.br será lançada com calendário oficial das festas, roteiros integrados de turismo religioso, conteúdos educativos e diretrizes para formação e qualificação local. Prefeituras e grupos poderão cadastrar eventos e territórios, ampliando a visibilidade e organização do setor.

As ações de formação visam garantir que o afroturismo ocorra de forma respeitosa e consciente, valorizando o papel central das comunidades guardiãs desses saberes.

Fé como vetor de desenvolvimento

O Caminhos do Rosário reforça o papel do turismo da fé como vetor estratégico em Minas, que registrou mais de 32 milhões de visitantes em 2024. A nova iniciativa se soma a eventos já consolidados, como:

• Semana Santa

• Jubileu de Congonhas

• Romarias da Serra da Piedade e de Bom Jesus da Lapa

As Congadas também atraem milhares de pessoas em cidades como Uberlândia (50 mil pessoas), Poços de Caldas (20 mil), São Sebastião do Paraíso (150 anos de tradição), além de Betim, Contagem, Itaúna, Divinópolis e regiões dos Vales do Jequitinhonha, Norte de Minas, Mantiqueira e Centro-Oeste.

As comunidades tradicionais seguem como protagonistas da oralidade, dos trajes, da música e da devoção que caracterizam as festas do Rosário — agora formalmente reconhecidas e integradas à política de Estado.

Investimento nas culturas populares

O lançamento do projeto ocorre em meio ao maior volume de investimentos da década nas culturas populares de Minas. Entre 2024 e junho de 2025, foram R$ 49 milhões pagos por meio do Fundo Estadual de Cultura (FEC) e da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB).

O governo já anunciou que novos editais voltados às culturas populares serão lançados em julho de 2025, ampliando o apoio a manifestações de matriz afro-brasileira.