PF indicia Bolsonaro, Carlos e Ramagem no caso da “Abin paralela”
Inquérito aponta uso ilegal da inteligência do governo para espionagem de autoridades públicas

Brasília - A Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), no inquérito que investiga o uso irregular da estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo federal. Ramagem dirigiu o órgão entre 2019 e 2022.
O relatório final da investigação foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (17). Também estão entre os indiciados servidores e membros da atual cúpula da agência, incluindo o diretor-geral Luiz Fernando Corrêa.
Segundo a PF, houve atuação de uma organização criminosa para utilizar a Abin em ações de espionagem política e institucional contra autoridades públicas, inclusive com a obtenção ilegal de dados sigilosos. Delegados e policiais federais cedidos ao órgão teriam participado da estrutura paralela.
Um dos episódios apurados envolve a tentativa de acessar informações de autoridades paraguaias durante negociações envolvendo o contrato de fornecimento de energia da Itaipu Binacional, operada conjuntamente por Brasil e Paraguai.
Carlos Bolsonaro, investigado por suspeita de ter articulado o monitoramento de adversários e servidores, disse que a operação tem "viés eleitoral" e mira as eleições de 2026. Jair Bolsonaro e Alexandre Ramagem não se manifestaram nesta terça, mas já negaram anteriormente qualquer irregularidade.
A Abin, por sua vez, informou em abril que está à disposição das autoridades competentes e não comentará os indiciamentos.
O caso faz parte de uma série de investigações sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, que apura o suposto uso de instituições de Estado com fins políticos durante a gestão Bolsonaro. O STF vai decidir se transforma o indiciamento em denúncia.
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