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Braga Netto solicita acareação com Mauro Cid em ação penal sobre trama golpista

Defesa do general afirma que versões apresentadas divergem e pede suspensão do processo até análise completa das provas

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Foto: Marcos Correa / PR - 

Brasília - A defesa do general da reserva Walter Braga Netto protocolou, nesta segunda-feira (16), um pedido de acareação com o tenente-coronel Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, no âmbito da ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado articulada após as eleições de 2022.

O pedido foi enviado ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF). Os advogados afirmam que há “divergências relevantes” entre os depoimentos prestados por Braga Netto e Cid, que precisam ser esclarecidas formalmente.

Segundo a petição, a acareação se faz necessária para apurar acusações de que o general teria participado de discussões sobre o plano “Punhal Verde e Amarelo”, suposto esquema golpista que previa a prisão de autoridades dos Três Poderes, e também para esclarecer a denúncia de que teria entregue valores em espécie ao ex-ajudante de ordens dentro de uma sacola de vinho.

“E não é demais explicitar que essa diligência complementar se mostra necessária para a devida apuração dos fatos, pois Mauro Cid não trouxe aos autos provas que corroborem suas acusações em face do general Braga Netto”, diz trecho do pedido da defesa.

Os advogados também solicitaram a suspensão temporária da ação penal, alegando a necessidade de mais tempo para analisar o conjunto probatório presente no processo, que segue em tramitação no STF.

Interrogatório no STF

Na semana passada, durante depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, Braga Netto negou envolvimento no plano golpista e refutou a alegação de que teria repassado dinheiro a Cid. O valor, segundo o militar delator, seria destinado a integrantes do grupo conhecido como “kids pretos” — militares da ativa que compunham uma espécie de tropa de elite dentro do Exército.

Preso desde dezembro de 2023, o general é acusado de obstruir as investigações e tentar obter acesso prévio aos detalhes da delação de Mauro Cid, que firmou acordo de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República.

A delação de Cid é considerada peça central nas investigações conduzidas pela Polícia Federal sobre a articulação de um golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro no poder após a derrota nas urnas.

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