Enquanto a base governista evita cravar números apesar de assegurar que tem votos suficientes para afastar um pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, a oposição continua contabilizando possíveis resultados. Hoje (5), segundo parlamentares pró impeachment, mais de 352 votos são favoráveis ao impedimento da petista.
Para definir qualquer futuro cenário no plenário da Câmara, são necessários dois terços dos votos (342). “Queremos ter uma margem boa para a votação. Tem muito deputado sob pressão do governo, cerca de 30 ainda estão indecisos”, disse o líder do Solidariedade, Genecias Noronha (CE). A estratégia da oposição ao Planalto é justamente convencer os indecisos.
Presidente do Solidariedade, o deputado Paulinho da Força (SP) anunciou inclusive que na próxima quinta-feira (7) divulgará o ranking de parlamentares favoráveis, contrários e indecisos. “Estamos na reta final e é preciso que população saiba como seu deputado está votando. Estamos fazendo mapeamento de um por um e vamos colocar carro de som onde eles tem voto”, disse.
Paulinho criticou a ocupação de cargos do Executivo neste período e acusou o governo de oferecer pagamento a parlamentares que se declararam favoráveis ao impedimento de Dilma para que não compareçam na sessão de votação. “Os parlamentares que estão no troca-troca têm que saber que o governo oferece mas não cumpre. Pagar R$ 400 mil para um deputado ficar em casa e não vir votar? Ontem eles ofereceram R$ 2 milhões”, afirmou. O parlamentar garante que tem os nomes de quem recebeu a oferta, mas assessores de Paulinho afirmaram que estes nomes só serão revelados quando avaliarem a “melhor forma de denunciar esta extorsão”.
Andamento
À Agência Brasil, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse que não rebateria “essa baixaria”. Com a voz nitidamente irritada diante da acusação, Guimarães classificou a denúncia como um ato de desespero. “Isto é desespero. Se tem um governo republicano é o da presidente Dilma. Eles estão desesperados para aprovar o golpe”, sintetizou.
O pedido de impeachment ainda está em análise na comissão especial criada para analisar o processo. A expectativa é que o relator do processo, Jovair Arantes (PTB-GO), apresente seu parecer amanhã (6). Com o texto em mãos, o colegiado espera que a base aliada peça vistas para analisar o documento no prazo de duas sessões e retome o debate na próxima sexta-feira (8) para que o parecer seja votado até a próxima segunda-feira (11) e encaminhado para o plenário da Casa.
Hoje, um dia depois da entrega da defesa de Dilma pelo advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, que negou que haja crime de responsabilidade e fundamento jurídico para o impeachment, o deputado Danilo Forte entregou ao relator do processo documentos que, segundo ele, comprovam “pedaladas fiscais”. Entre os documentos estão ofícios assinados pelo então ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e pelo secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Saintive, “que reconhecem a realização da operação sem a devida aprovação por parte do Congresso”, afirmou.
Comentários