Integrantes do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado acusaram nesta quarta-feira (23) o senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) de tentar procrastinar, ou seja, adiar intencionalmente, o processo contra ele no colegiado. A reunião de hoje havia sido marcada para ouvir o senador, que não compareceu amparado por mais um atestado médico de 15 dias.
Diante da ausência do senador investigado, um requerimento apresentado pelo relator, Telmário Mota (PDT-RR), foi aprovado marcando para o dia 7 de abril, às 10h, um novo depoimento. Para evitar mais um adiamento, no ofício que será encaminhado ao parlamentar, Delcídio poderá escolher se quer prestar depoimento presencial no Senado, se prefere ser ouvido por videoconferência ou ainda por uma comissão de senadores, que será designada para tomar o depoimento do parlamentar onde ele estiver.
Antes porém do depoimento de Delcídio, para não atrasar os trabalhos do conselho, os senadores aprovaram outro requerimento para ouvir na próxima terça -feira (29), às 14h30, Bernardo Cerveró, filho de Nestor Cerveró; Diogo Ferreira, ex-chefe de gabinete de Delcídio, e o advogado de Cerveró, Edson Ribeiro.
Bernardo foi o autor da gravação de uma reunião com Delcídio, na qual o senador oferecia dinheiro e sugeria um plano de fuga para o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, em troca de ele não fazer acordo de delação premiada com a Justiça.
Junta médica
Ainda segundo o relator, não serão mais aceitos atestados do senador sem que o mesmo esteja respaldado por uma junta médica. “Eu queria também que fosse registrado em ata que, normalmente, um servidor, quando pega 15 dias – e Delcídio já pegou 15 dias –, os outros 15 têm que ser por meio de uma junta médica”, disse.
Telmário voltou a criticar o fato de, mesmo de atestado, Delcídio ter participado da manifestação a favor do impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Em entrevista à revista Veja, ele disse que compareceu de moto e ficou de capacete o tempo inteiro para não ser hostilizado.
Advogado dativo
Com a ausência do senador e de seus advogados na reunião de hoje, vários senadores chegaram a cogitar se não seria o caso de ser constituído um defensor dativo para o caso. Senadores contrários à medida lembraram que isso ocorre quando não há nenhum advogado, o que não é o caso do senador. Diante da divergência, Telmário Mota pedirá que a Advocacia-Geral do Senado apresente até a próxima segunda-feira (28) um parecer sobre o assunto.
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