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Inseparáveis e decisivos, Dátolo e Luan viram \\\"caso para psicólogo\\\"

Levir Culpi destaca \\\"maluco brasileiro apaixonado por um argentino\\\". Um fala da emoção ao relembrar infância difícil, e outro sonha repetir a dose no Mineirão

Dátolo e Luan: para Levir, relação dos dois é "caso para psicólogo" (Foto: Bruno Cantini / Flickr do Atlético-MG)
Dátolo e Luan: para Levir, relação dos dois é "caso para psicólogo" (Foto: Bruno Cantini / Flickr do Atlético-MG)

Quem vê com atenção o gol de Dátolo sobre o Cruzeiro no jogo de ida da final da Copa do Brasil se dá conta de um detalhe curioso. A maneira como o argentino celebra seu tento com Luan é incomum. O meia, com os olhos esbugalhados, agarra os cabelos do pequeno atacante. O gesto, ao contrário do que se pode imaginar, é um sinal de alegria e amizade.  

Os dois foram os nomes da vitória por 2 a 0 do Atlético-MG nesta quarta. Antes de Dátolo, Luan havia aberto o placar na primeira etapa. Eles são símbolos do que a equipe é hoje. Nas palavras do técnico Levir Culpi, ambos são guerreiros, assim como todo o time.  

- Luan e Dátolo são um caso à parte, para psicólogo. Um maluco brasileiro apaixonado por um argentino. Eles vivem juntos, são muito amigos. É engraçado. Eles têm espírito parecido, de guerreiro. O espírito do Luan, principalmente, é o espírito do torcedor do Atlético e por isso ele é muito querido. Ele dá 100%, o que tem para oferecer. O Dátolo vem numa ascendência e isso está facilitando os nossos resultados – declarou o treinador atleticano.

Os dois amigos são símbolos e protagonistas no Atlético-MG. Evoluíram em 2014 e deixaram de ser apenas opções. Luan, que era o talismã da equipe atleticana, virou referência. No ano passado, fez 37 jogos na Copa do Brasil e no Brasileirão e balançou a rede apenas três vezes. Na atual temporada tem 25 partidas pelas mesmas competições e oito gols - cinco deles na Copa do Brasil, que o deixa como artilheiro do Galo no torneio.   

Dátolo, que chegou no meio do Brasileirão do ano passado, havia feito apenas 11 jogos e um gol em 2013. Agora, o argentino se firmou. São 25 jogos no Campeonato Brasileiro e sete na Copa do Brasil, com sete gols marcados. Contra o Cruzeiro, ele balançou as redes pela segunda vez na competição. Foi o maior distribuidor de jogadas de seu time no clássico, com 34 passes corretos. Léo, com 35, foi o melhor no quesito na partida. O argentino tem a confiança de Levir.  

- É difícil responder (sobre o início difícil de Dátolo no Atlético-MG), não acompanhei no ano passado. Ele chegou a jogar de lateral. Mas ele está sempre com a bola no pé. Sempre foi jogador importante, desde que cheguei aqui é um profissional equilibrado, um cara legal e passa o que todos têm que fazer – avaliou o técnico atleticano.  

A raiva de Dátolo na comemoração com Luan foi quase um desabafo. Os dois amigos agora caminham para coroar a evolução, e o argentino não se esquecerá do que passou para tentar manter o bom nível.  

- Pensei em quanto eu batalhei para conseguir esse gol. Eu me lembrei de quando não tinha nada. Quando eu era um garotinho que acordava cedo para tentar ganhar a vida. Veio muita emoção pela minha cabeça. Isso tudo reforça o que venho batalhando por toda a vida – disse o meia.

Para Luan, resta sonhar novamente.  

- Sonhei fazendo gol no Cruzeiro na final, quero que Deus me ilumine para fazer o gol lá no Mineirão também – declarou o jovem atacante.

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