Coluna

Messias: “Caguei para CPI”

Messias, o mito pés de barro, no cenário cheinho de livros, com a arrogância que lhe é peculiar esbravejou 'Caguei. Caguei para CPI'. Reprodução
Messias, o mito pés de barro, no cenário cheinho de livros, com a arrogância que lhe é peculiar esbravejou 'Caguei. Caguei para CPI'. Reprodução - 

“Caguei. Caguei para CPI”.

- Athaliba, destilando palavras chulas, o hipotético mito pés de barro, que empoleira o trono da presidência da pátria amada, reagiu furioso ao negar pedido da CPI do COVID-19 do senado para explicar denúncia de corrupção no Ministério da Saúde. O mito, assim evocado pelos tietes, devido ao sobrenome dele de Messias, disse textualmente o seguinte na live de 8/7 que costuma fazer às 5ª feiras: “Eu não vou responder nada para esses caras. Não vou responder nada para esse tipo de gente, em hipótese alguma, que não estão preocupados com a verdade e sim em desgastar o governo. O Omar, o Renan e o saltitante (referindo-se a Randolfe) fizeram uma festa lá embaixo na Presidência; entregaram documento, pô, responder pergunta à CPI. Sabe qual é minha resposta, pessoal? Caguei. Caguei para CPI. Não vou responder nada”.

- Marineth, eu vi. No cenário da gravação da live tinha estante cheinha de livros, ao fundo.

- É verdade, Athaliba dos Anjos. Esse singular detalhe foi debatido entre as travestis Mary Help, Shelby, Sabrina, Gina e Mouzalina, junto ao símbolo de concreto à Bíblia, na Praça Acrísio Alvarenga, em Itabira. Aliás, por lá, cidade berço do poeta Carlos Drummond de Andrade, rola a 47ª edição do Festival de Inverno até final de julho. O bate-boca sobre a atitude transloucada do Messias terminou com sonoras gargalhadas das travestis, com Gina dizendo que ele perdera em originalidade, pois deveria ter feito a live sentado no vaso sanitário do banheiro do bar do Tilico.

- Marineth, a sacada irônica, sarcástica, satírica da Gina pode ser entendida como desforra às costumeiras atitudes homofóbicas do mito pés de barro à comunidade LGBTQIA+, né?

- Por certo que sim, Athaliba. A tua coleguinha, jornalista Renata Vasconcellos, âncora do Jornal Nacional, da TV Globo, constrangida, anunciou no final da edição de 8/7 que “o presidente Jair Bolsonaro, em live ainda há pouco, respondeu à CPI com palavras chulas”. Ao fundo a cifra de 530.344 óbitos pela COVID-19. Momento antes ela noticiara que a CPI havia protocolado carta no Palácio do Planalto cobrando do presidente respostas sobre as denúncias feitas pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) e irmão dele, Luis Ricardo, funcionário do Ministério da Saúde. O texto da carta findava com um salmo bíblico, frequentemente citado pelo Messias: “Conhecerás a verdade e a verdade vós libertará”.

 - Marineth, essa citação colocada de forma mordaz pela CPI pegou o mito pés de barro no contrapé. O nível de odiosidade dele deve ter atingido o ponto de ebulição: 100º graus. Ferveu os encéfalos e, aí, detonou a fúria. O senador Renan Calheiros, relator da CPI, chamado de ladrão e bandido pelo mito pés de barro, contrapôs dizendo que “é preciso examinar se depois da facada não costuraram o intestino dele direto na garganta”. Bolsonaro foi golpeado a faca na barriga por Adélio Bispo de Oliveira, durante a campanha eleitoral de 2018, na Rua Halfeld, em Juiz de Fora, Minas Gerais. O agressor tem Transtorno Delirante Persistente e foi declarado inimputável pelo juiz federal Bruno Savino, da 3ª vara da Justiça Federal de Juiz de Fora. Ou seja, ele não pôde ser punido criminalmente.

- Athaliba, antes de concluir a live, o Messias se desculpou pelas palavras de baixo calão. Aí, amigo, pior a emenda que o soneto: “Desculpe os palavrões, de vez em quando que escapam. Eu prefiro ser normal (???) do que ficar me policiando para ser diferente. Eu não quero ser uma pessoa de fala mansa, com mentiras grosseiras. Eu prefiro ser grosseiro com verdades simples”.

- Dormir com esse trem doido, Marineth, é cair da cama num assombrado pesadelo.

- Pesadelo é coisa pouca Athaliba. Ocê tá sendo modesto. Dia 25/6, o deputado Miranda e o irmão contaram à CPI que denunciaram ao Messias o esquema de corrupção orquestrado pelo deputado Ricardo Barros, líder do governo na Câmara, na compra da vacina indiana Covaxin. Ele disse saber do “rolo” do Ricardo Barros e que pediria à Polícia Federal para investigar. Porém, só o fez três meses após da revelação do caso à CPI.

- Marineth, em nota, o ministro da Defesa e os chefes da Aeronáutica, Exército e Marinha criticaram a fala do presidente da CPI, Omar Aziz, que disse o seguinte: “Os bons militares devem estar envergonhados dos membros do lado podre das forças armadas, envolvidos em falcatruas dentro do governo”. Será que o embate poderá explodir o barril de pólvora no colo do mito pés de barro? No mais aperto o play constante do link https://www.youtube.com/watch?v=PaKEPkvN2SA para assistir o mito pés de barro esbravejando “caguei, caguei para CPI”. Quem vai limpar?

Lenin Novaes

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Crônicas do Athaliba

LENIN NOVAES jornalista e produtor cultural. É co-autor do livro Cantando para não enlouquecer, biografia da cantora Elza Soares, com José Louzeiro. Criou e promoveu o Concurso Nacional de Poesia para jornalistas, em homenagem ao poeta Carlos Drummond de Andrade. É um dos coordenadores do Festival de Choro do Rio, realizado pelo Museu da Imagem e do Som - MIS

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