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Entrevista com o cartunista Ediel Ribeiro - Parte II

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Cartunista, jornalista e escritor Ediel Ribeiro (Foto: Divulgação)

Ediel Ribeiro é jornalista, escritor e cartunista. Autor de “Patty & Fatty” uma tira de quadrinhos nacional, de humor ácido, publicada desde 2003, no jornal “O Municipal”, do Rio de Janeiro.

A tira foi publicada também na revista “Megazine”, do jornal “O Globo”, no jornal “Expresso”, do Rio de Janeiro e em vários blogs e sites na Internet. 

O site “Tribuna HQ” conversou com o cartunista, em seu estúdio no Rio de Janeiro.


Tribuna – Qual o seu preferido?

Ediel – Gosto principalmente do Angeli e do Henfil. Dos estrangeiros, Robert Crumb e do Jules Feiffer e do chileno Palomo.

Tribuna – O que dá mais trabalho, fazer as tiras ou vendê-las?

Ediel – Vender, sem dúvida. Sou um péssimo vendedor dos meus trabalhos. Como a maioria dos meus amigos cartunistas, ainda não consigo viver só das tirinhas. As pessoas acham do caralho meu trabalho, mas não compram. Eu costumo dizer que sou um sucesso de público e um fracasso de bilheteria (risos). Meu consolo é que Van Gogh, também, só vendeu um quadro enquanto vivo (risos).  Não sinto que meu trabalho com as tiras seja cansativo ou custoso. Não conquistei nada com esforço, ao contrário: sempre me dediquei pouco ao trabalho. Sou preguiçoso. Tudo o que faço, hoje, faço por prazer. Quando digo pras pessoas que faço quadrinhos, elas perguntam: e trabalho? Qual o seu trabalho? Mas, porra, desenhar quadrinhos é um trabalho espinhoso!  Eu, às vezes, levo o dia todo pra fazer uma tira. Envolve responsabilidade, ética e comprometimento. Mas nem por isso tem que deixar de ser prazeroso. Há uma tendência de certas pessoas – notadamente os invejosos – de só considerar trabalho, aquilo que exige força. Se você quebra pedra, é trabalhador; se desenha, canta ou joga futebol, é vagabundo

Tribuna – Como foi entrevistar o cartunista Otélo Caçador?

Ediel – Foi genial. Otélo foi um cartunista que fez durante 33 anos uma página de humor no jornal O Globo. Era fã dele. Foi um dos quatro artistas que tive o prazer em conhecer pessoalmente. Os outros foram, o cartunista Lan, o escritor Luis Fernando Veríssimo e o poeta Carlos Drummond de Andrade. Gostaria de ter trabalhado com eles.

Tribuna – O que você acha de parcerias entre cartunistas? Com quais gostaria de trabalhar?

Ediel – Com todos. Acho a parceria muito legal, mas eu não sei se conseguiria fazer um trabalho longo do tipo “Los Três Amigos”, do Angeli, Laerte e Glauco. Uma tira ou outra eu faria. Depois, parceria dá muito trabalho. Já tentei algumas parcerias. Com esse meu lance com bar, eu tive a ideia de fazer um jornal de humor dirigido aos botecos. Isso, a vinte anos atrás. Conversei com vários amigos, fizemos reuniões e nada. Cada um tinha seu projeto pessoal e íamos protelando a ideia. Até que em 2005 cheguei ir ao estúdio do cartunista Ferreth, em Copacabana, chegamos sugerir nomes, criamos o mascote, fizemos uma boneca, mas ficou nisso. Depois disso, uns caras de São Paulo e depois outros aqui no Rio, fizeram jornais nessa linha. Com o material que eu tinha criei o site The Humortinho (www.humortinho.com) mais ou menos na linha que seria o jornal: futebol, mulher e humor. Coisas que homem gosta e discute em bar.

Tribuna – Mas conta: como você foi parar num bar?

Ediel – Era uma curtição. Eu adoro beber e acabei comprando o bar onde eu bebia.

Tribuna – O site ainda está no ar?

Ediel – Tá. Tem um bom número de visitantes. Vou dedicar mais tempo a ele.

Tribuna – Como é se expressar em pequenos espaços como as tiras?

Ediel – Com o tempo você se acostuma. Eu sempre gostei de escrever frases e textos curtos. Aprendi isso em jornal. As pessoas hoje não têm muita paciência com textos longos. Pra mim foi fácil, como eu sou preguiçoso, não gosto de ficar repetindo o mesmo desenho. Acho legal aquilo que o Cláudio Paiva faz na “Revista o Globo”, de fazer um desenho e repeti-lo, mudando apenas o texto. Só que em quadrinhos não dá, fica muito tosco.

Tribuna – Qual a diferença entre o cartum, a charge e os quadrinhos, e qual o seu preferido?

Ediel – O cartum, por sua natureza atemporal, tem um diálogo mais rápido e fácil com o público. A charge, por ser política, têm suas dificuldades de atingir um público maior, de maneira mais abrangente. Prefiro os quadrinhos que é meio rocknroll. Meio transgressor. Tipo coisa de adolescente.

Tribuna – Os personagens tendem a refletir a imagem de seu criador. Você se identifica com a Patty?

Ediel – Não. A Patty foi inspirada na minha filha adolescente, que também se chama Patty. Acho que dela eu “herdei” só a ironia. Meu alter-ego é o Fatty. Me identifico muito com ele. O Fatty é um cão antropomórfico; preguiçoso, irônico, adora ver TV e bebe muito.

Tribuna – Nos primeiros anos, a protagonista era a Patty, uma adolescente irônica e preguiçosa. Com o passar dos anos, o cãozinho Fatty foi caindo nas graças dos leitores, e por isso, hoje em dia, aparece tanto quanto a Patty. Você teve cães na infância?

Ediel – Sempre. Tive vários cães na infância. Ainda hoje tenho dois Chow-Chows, um chamado Nietzsche e outra chamada Nikka. Mas meu primeiro animal de estimação foi uma preguiça.

Tribuna – Sério? Uma preguiça?

Ediel – Sério. Um cara tava vendendo-a numa feira-livre, eu achei bonita e comprei. Acho que fiquei preguiçoso observando ela (risos).

Tribuna – Quantos anos tem a Patty?

Ediel – Nas tirinhas ela é uma adolescente. Em jornal, ela tem 10 anos. Comecei a publicá-la em 2003, no jornal “O Municipal”. Jornal onde o colunista Ibrahim Sued começou como fotógrafo, antes de ir para “O Globo”.

Tribuna – Antes de publicar a Patty, você já tinha a personagem?

Ediel – Tinha, eu fazia de brincadeira em casa, de coisas que observava minha filha fazer. Às vezes, sem perceber, ela já me dava a piada pronta (risos). Quando me pediram uma tira, eu  mande a Patty; e deu certo, as pessoas gostaram.

Tribuna – Quantas tiras você já fez?

Ediel – Não sei. Muitas. No início, quando recebi o convite para publicá-la, era só ela. À medida que o tema adolescente foi se esgotando, eu fui criando outros personagens. Primeiro foi o Fatty, o cão; depois Emma, a mãe; depois Ed, o pai…

Tribuna – Quantos jornais publicam a Patty?

Ediel – Por enquanto, dois.  Mais já publiquei ela no jornal “Municipal”, no “Expresso”, na revista “Megazine” do jornal “O Globo” e em vários blogs e sites na internet.

 

Segue na coluna de sexta-feira

Ediel Ribeiro (RJ)

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Ediel Ribeiro é carioca. Jornalista, cartunista e escritor. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) do romance "Sonhos são Azuis". É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG). Autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty" publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ) e Editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!". O autor mora atualmente no Rio de Janeiro, entre um bar e outro.

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