Vinte e Seis de Julho é o Dia dos Avós. A semana respectiva é a Semana dos Avós.
Se o transcurso da efeméride autoriza todo articulista a tratar da matéria, duplamente autorizado está o articulista avô.
Salve a menina que me outorgou este título!
A data foi escolhida para a celebração porque, no calendário litúrgico, é o Dia de Santa Ana e São Joaquim, pais de Maria e avós de Jesus Cristo.
No Dia dos Avós eu me lembro do meu Avô materno: Pedro Estellita Lins. Não herdei seu sobrenome.
Meu pai, de origem germânica, conservava um traço da cultura alemã: os filhos quase sempre só recebiam o sobrenome paterno.
Tive muita convivência com esse Avô. Ele gostava de escrever, publicou livros. Eu era seu datilógrafo. O tema principal de seus escritos era a defesa da Paz.
Ele era um pacifista militante.
Graças a seu exemplo, até hoje abomino a guerra.
A velhice quase sempre se associa a decrepitude, perdas, inferioridade.
Num tipo de sociedade que se ergue sobre valores materiais, não poderia ser diferente: o desprezo pelo velho está na raiz desse tipo de estrutura social.
A Bíblia aponta horizontes que merecem ser seguidos por crentes e não crentes.
Na contramão do sistema diz que “o cabelo grisalho é uma coroa de esplendor, e obtém-se mediante uma vida justa.” (Provérbios 13, 31).
Os avós têm um duplo papel: na família e na sociedade.
Na família os avós são conselheiros dos pais e dos netos. Podem transmitir ao vivo a experiência que nenhum livro é capaz de traduzir.
Os avós são apoio em inúmeras situações e emergências. Integram a família.
Feliz da família na qual comparecem os avós. Para o conjunto da sociedade os avós transmitem ao presente a herança do passado.
São depositários da sabedoria acumulada através de milênios.
Até os pequenos gestos revelam a atitude respeitosa ou desrespeitosa para com os idosos.
Ceder o lugar ou a passagem ao idoso, mostrar-se disponível para ajudar nas mais comezinhas situações, tudo isso demonstra o nível de educação de uma sociedade.
Quem exalta os avós está na contramão deste mundo materialista, onde só cabe lembrar o Dia dos Avós para provocar venda de presentes para eles nessa data.
Como homenagear a figura do Avô num mundo que se alicerça no materialismo, onde se exalta a juventude como um estado eterno, o vigor e a beleza como referências existenciais?
Hoje algumas vozes têm o atrevimento, a insolência, a desfaçatez de advogar, de peito aberto e sem qualquer pudor, a redução dos direitos dos aposentados.
Os que se encontram na Terceira Idade resistirão à fúria desses insensatos tomando de empréstimo uma expressão clássica de exorcismo: Vade retro, inimigo do aposentado!
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