Coluna

O GURU DO PRESIDENTE

Arte: Nani

Rio - Um veterinário na Casa Civíl, eu até entendo. É sempre bom ter um médico por perto.

Agora, uma pastora evangélica na Funai e um economista no Ministério da Educação, já é demais.

Quem escolhe os Ministro do Bolsonaro? Que critério ele usa? Cara ou coroa? Mamãe mandou? Par ou ímpar? 

O presidente Bolsonaro disse, em entrevista recente à revista Veja, que a indicação do Colombiano Ricardo Vélez para o  Ministério da Educação foi de seu guru, o escritor Olavo de Carvalho, que mora na Virgínia, nos Estados Unidos.

O diplomata Ernesto Araújo para o posto de chanceler, também.

Bolsonaro tem levado muito a sério a questão do QI (quem indica) para compor seu ministério.

De vez em quando, quando não tenho nada melhor para fazer, fico imaginando como deve ser a conversa entre o capitão e seu guru para a escolha do Ministério.

O telefone toca na casa do escritor Olavo de Carvalho, nos arredores de Richmond: 

- Puta-que-o-pariu! Quem é que tá ligando a
essa hora da manhã?

- Olavo, sou eu, Jair!

- Porra, Jair, tu sabe que horas são!? São três horas da manhã!!! Já vi que você não acabou com a merda do horário de verão nessa bosta de país.

- Não, acabei sim. Tirei os radares das estradas,
acabei com a aposentadoria dos pobres e liberei as armas, tudo como você aconselhou.

- Então, tá ligando por quê?

- Preciso trocar o ministro que você indicou.

- Qual deles?

- O Ricardo Vélez. Porra, o cara não tem nem três meses, Jair. 

- Mas, Olavo, o cara nem fala português. Onde você conheceu ele?

- Na internet.

- No Tinder?

- Não. Li alguma coisa dele, num desses sites de
merda.

- Quem você pode me indicar - perguntou o
capitão.

- Deixa eu ver… Bota o Abraham Weintraub. 

- Outro estrangeiro, Olavo?

- Não. Apesar do nome, ele é brasileiro. 

- Ele é professor?

- Economista.

- Tá de sacanagem!? Economista, Olavo? É para o
Ministério da Educação.

- O povo é burro. Nem vai notar a diferença. Só não deixa ele falar no Fafka. Ele sempre confunde o escritor tcheco com o (cafta) churrasquinho árabe.

- Olha lá, Olavo! A Damares já está fazendo um monte de cagada. Já brigou com o Patrick, com o Bob Esponja, com a Branca de Neve e com o elenco do filme Frozen.

- Espera aí! Quem indicou a Damares foi o Silas 
Malafaia. Vá se queixar com o Bispo!!

- Olavo, os índices de aprovação do meu governo estão caindo tanto, que já estão apelidando ele de Vasco da Gama. Preciso fazer alguma coisa pra alavancar a minha popularidade.

- Bota um evangélico no Superior Tribunal
Federal!

- Um juíz evangélico, Olavo? Não chega a Damares na Fundação Nacional do Índio? 

- Um juiz evangélico vai agradar o Silas Malafaia, o Edir Macedo e a bancada evangélica no Congresso Nacional.

- Mas eu já tinha prometido a vaga pro Sérgio Moro. Já tiraram o Coaf dele, coitado.

- Você quer ou não quer aumentar a sua
popularidade!?

- Você acha mesmo que com essa medida minha
popularidade aumenta?

- Se não aumentar, você proíbe o exame toxicológico dos caminhoneiros, cancela o uso obrigatório da cadeirinha para as crianças nos automóveis, aumenta o número de pontos para a cassação da carteira de habilitação dos infratores contumazes e muda o apelido do seu governo para ciclovia Tim Maia.

- Assim, vai subir minha popularidade?

- Não. Mas vai cair menos.

Ediel Ribeiro (RJ)

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Coluna do Ediel

Ediel Ribeiro é carioca. Jornalista, cartunista e escritor. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) do romance "Sonhos são Azuis". É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG). Autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty" publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ) e Editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!". O autor mora atualmente no Rio de Janeiro, entre um bar e outro.

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