Protestos em todo o país ampliam pressão contra PEC da Blindagem e projeto de anistia
Mobilização reuniu milhares de pessoas em ao menos 33 cidades e deve impactar votação no Senado

Belo Horizonte - Milhares de pessoas foram às ruas neste domingo (21) em protestos contra a proposta de anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro e contra a chamada PEC da Blindagem, que limita a abertura de processos criminais contra parlamentares.
De acordo com organizadores, atos ocorreram em pelo menos 33 cidades, incluindo todas as capitais. Em São Paulo, a Avenida Paulista foi tomada por manifestantes. No Rio de Janeiro, estimativas apontaram mais de 40 mil pessoas em Copacabana. Em Brasília, Salvador, Belo Horizonte, Recife e outras capitais também houve multidões.
Em Salvador, Daniela Mercury puxou o coro contra a anistia. “Bandidagem não é com a gente”, disse a artista. O ator Wagner Moura também discursou, elogiando a condução do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Em Belo Horizonte, Fernanda Takai, da banda Pato Fu, participou de um ato na Praça Raul Soares. Já em Recife, blocos de frevo e grupos de maracatu transformaram a manifestação em um grande cortejo cultural.
Os protestos foram convocados por frentes como Povo Sem Medo e Brasil Popular, ligadas a movimentos sociais, sindicatos e partidos de esquerda.

O que está em jogo
A PEC da Blindagem, aprovada na Câmara, prevê que deputados e senadores só possam responder a processos criminais com autorização do Congresso. Um dos pontos mais criticados é a possibilidade de votação secreta sobre a abertura de ações. O projeto é visto por opositores como um retrocesso que fortalece o foro privilegiado e dificulta a responsabilização de parlamentares.
Em paralelo, tramita no Congresso um projeto que concede anistia a pessoas condenadas pela tentativa de golpe. Para manifestantes e analistas políticos, a combinação das duas propostas representa um risco de impunidade institucionalizada.

Reação política
No Senado, o clima é desfavorável à PEC. Levantamento aponta que 51 dos 81 senadores já se declararam contrários. A proposta ainda passará pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde também enfrenta resistência.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), defendeu a PEC e disse que críticas ao texto são baseadas em distorções. Ainda assim, a pressão popular pode dificultar a tramitação no Senado.
Pesquisas reforçam esse cenário: segundo o instituto Quaest, 83% das menções à PEC nas redes sociais foram negativas entre os dias 16 e 19 de setembro, em um universo de mais de dois milhões de comentários.
Avaliação
As manifestações de domingo ampliaram a pressão sobre o Congresso. A expectativa é que os protestos continuem influenciando o debate no Senado, onde a PEC já enfrenta forte rejeição.
A mobilização também mostrou a força de artistas, movimentos sociais e sindicatos em articular pautas democráticas e ressaltar que a tentativa de golpe de 2023 não deve ser esquecida.
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