Ato em SP pede anistia a réus do 8/1, exalta Trump e endossa tarifas dos EUA contra o Brasil
Lideranças bolsonaristas acusam STF de perseguição; Sóstenes fala em "guerra" e Cleitinho ataca Eduardo Cunha

Milhares de manifestantes se reuniram na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo (3), para pedir anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, declarar apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro e ao presidente americano Donald Trump, além de defender as tarifas comerciais impostas pelos EUA ao Brasil. O ato também incluiu pedidos de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A manifestação foi organizada por lideranças da extrema direita, como o pastor Silas Malafaia e o pastor deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do partido na Câmara. Vestindo verde e amarelo, com bandeiras do Brasil e dos Estados Unidos, os participantes ocuparam cerca de duas quadras da avenida, entre a sede da Fiesp e o Parque Trianon.
Apoio às tarifas dos EUA
Cartazes exaltando Trump e faixas com frases como “Obrigado, Trump” e “50% de tarifa é pouco” foram vistos ao longo do protesto. Os manifestantes apoiaram abertamente as sanções econômicas e as tarifas de até 50% anunciadas pelo governo Trump contra produtos brasileiros. As medidas foram justificadas pelos norte-americanos como uma reação às violações de direitos humanos e perseguições políticas no Brasil, com base na Lei Magnitsky.
Lideranças bolsonaristas defenderam as tarifas como forma legítima de pressão internacional sobre o Supremo e o governo Lula. "Se for preciso, que os Estados Unidos façam o que o povo brasileiro não consegue sozinho", disse um manifestante no carro de som, sob aplausos.
Sóstenes: “Se não tiver Bolsonaro, é guerra”
O pastor e deputado Sóstenes Cavalcante fez um discurso inflamado no trio elétrico e afirmou que o país não terá paz sem o retorno de Jair Bolsonaro às urnas:
“O Brasil só terá paz com Bolsonaro nas urnas. Senão, é guerra!”
Sóstenes também chamou o ministro Alexandre de Moraes de “ditador de toga” e pediu a cassação imediata do magistrado pelo Congresso Nacional. “O tempo da covardia acabou. É hora de enfrentamento institucional com coragem cristã e patriótica”, declarou.
Cleitinho ataca Eduardo Cunha
Presente ao ato em Brasília, o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) usou a tribuna improvisada para atacar o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. Segundo o senador, Cunha “não representa mais a direita” e “mancha a luta por liberdade com os esquemas do passado”.
“Quem se vendeu no passado não pode liderar o futuro. A direita verdadeira precisa se livrar dos oportunistas e falsos aliados que querem usar o povo para voltar ao poder”, disse Cleitinho.
Bolsonaro ausente; Tarcísio também
O ex-presidente Jair Bolsonaro não participou do ato. Desde 18 de julho, ele está impedido de sair de casa nos fins de semana, por determinação do ministro Alexandre de Moraes. Bolsonaro também usa tornozeleira eletrônica como parte das medidas cautelares para evitar risco de fuga.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também não esteve presente, alegando compromisso médico.
Anistia aos réus do 8 de janeiro
O ponto central da mobilização foi o pedido de anistia ampla aos condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes, ocorridos em 8 de janeiro de 2023. Segundo a Procuradoria-Geral da República, o episódio foi o auge de uma tentativa de golpe de Estado iniciada após a derrota eleitoral de Bolsonaro em 2022.
Os manifestantes classificaram os detidos como “presos políticos” e pediram que o Congresso aprove o projeto de anistia ainda este ano. Cartazes pedindo "Liberdade para os patriotas" e "Anistia já" foram erguidos durante todo o evento.
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