Aposta ou nome consagrado? Cruzeiro vive dilema sobre substituto de Mano
Se treinador gaúcho confirmar saída para futebol chinês, clube mineiro terá que decidir entre treinador de renome ou apostar em profissional menos badalado
Com a iminente saída do técnico Mano Menezes para o Shandong Luneng, da China, a diretoria do Cruzeiro vive um dilema na definição do novo treinador. Se Mano realmente aceitar a proposta asiática, o que deve acontecer na manhã desta quarta-feira, o clube mineiro terá que decidir entre um técnico de renome ou um novato na profissão para a próxima temporada. Em circunstâncias normais, um clube da grandeza do Cruzeiro buscaria um profissional consagrado, com títulos e grandes trabalhos no currículo. No entanto, 2016 será um ano diferente.
Fora da Taça Libertadores do ano que vem, o Cruzeiro tem no primeiro semestre apenas o Campeonato Mineiro e as fases iniciais da Copa do Brasil. Pode ter também a Primeira Liga, mas a competição ainda não foi homologada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Por isso, investir alto, em um técnico caro, não seria a melhor solução para o clube. Por outro lado, apostar num treinador iniciante ou com menos expressão pode ser arriscado. Se ele não conseguir dar padrão e liga ao time, começar do zero, com a temporada em andamento, pode colocar todo o ano a perder.
Da prateleira de cima
A decisão da diretoria do Cruzeiro não será fácil e, por isso, tem que ser muito pensada. Se optar realmente por um treinador consagrado, o clube tem poucas opções no mercado, já que alguns técnicos de renome, como Tite e Marcelo Oliveira, estão empregados. Cuca, Levir Culpi e Muricy Ramalho são outros grandes nomes, mas o acerto com eles é difícil. Além de altos salários, há rumores de que já estejam acertados com outras equipes.
Muricy deve ir para o Flamengo. Cuca pode substituir Marcelo Oliveira no Palmeiras, o que faria o técnico mineiro voltar o Atlético-MG. Já Levir, que deixou o clube mineiro, permaneceria disponível, mas o passado recente no rival pode ser um entrave para o acerto com o Cruzeiro. Ou um facilitador. Levir teria tido problemas com o presidente alvinegro, Daniel Nepomuceno, na saída do clube. Fazer um grande trabalho no Cruzeiro seria uma excelente vingança para o técnico paranaense.
Ao longo da história, o Cruzeiro já apostou em treinadores consagrados e se deu bem. Foi assim com Ênio Andrade, na conquista da Supercopa de 1991; com Vanderlei Luxemburgo, na primeira passagem, em 2002, que culminou com a Tríplice Coroa do ano seguinte; e com Paulo Autuori, na Libertadores de 1997.
Futuro promissor
O Cruzeiro também tem como opção investir em técnicos mais baratos, que já fizeram bons trabalhos, mas não são considerados de ponta. Guto Ferreira, que está na Chapecoense, Jorginho, técnico do Vasco, e Adilson Batista, atualmente sem clube, são alguns nomes que se encaixam nesse perfil.
A desconfiança inicial da torcida poderia dar lugar à comemoração de títulos importantes. O cruzeirense já foi ressabiado ao receber alguns treinadores, em outros momentos, e terminou feliz da vida. Foi assim com Levir Culpi, que ainda não era consagrado, em 1996, na conquista da Copa do Brasil, e com Marcelo Oliveira, em 2013 e 2014, no bicampeonato brasileiro.
Aposta
Uma terceira via pode ser adotada pelo Cruzeiro, na substituição de Mano Menezes. O clube pode apostar em um iniciante na profissão. O nome nesse caso seria o do ex-atacante Deivid, da comissão técnica permanente da Raposa. Os pontos favoráveis seriam o conhecimento do elenco, o bom trânsito que Deivid já tem no clube e o conhecimento tático que demonstrou quando comandou o time, diante da Ponte Preta, na vitória por 2 a 1, em Campinas, e como auxiliar de Mano. O ponto contra é a inexperiência.
A última vez que o Cruzeiro fez este tipo de aposta se deu mal. Emerson Ávila assumiu o time durante o Brasileirão e só durou seis partidas. Saiu sem vencer e a Raposa lutou contra o rebaixamento até a última rodada, só se livrando do calvário com o histórico 6 a 1 sobre o rival Atlético-MG. Uma outra ocasião teve final feliz para os cruzeirenses. Paulo César Gusmão assumiu o time após a saída de Luxemburgo, em 2004, e se sagrou campeão mineiro daquele ano.
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