Preparador físico do Cruzeiro lamenta falta de tempo para fazer trabalho ideal (Foto: Rafael Araújo)

Nada de desespero na Toca da Raposa. As duas derrotas seguidas nas últimas rodadas do Campeonato Brasileiro - para Corinthians e Flamengo - não tiraram a confiança do Cruzeiro na busca pelo sonho de conquistar novamente a Tríplice Coroa. O time mineiro segue a caminhada na Copa do Brasil, nesta quarta-feira, às 22h (de Brasília), quando enfrenta o ABC-RN pelas quartas de final, em Natal. Jogadores e o técnico Marcelo Oliveira têm ciência de que terão de superar desfalques importantes, além do desgaste físico, mais nítido neste período da temporada.  

Por ter vencido o primeiro jogo por 1 a 0, o Cruzeiro garante vaga nas semifinais se conseguir um empate ou até perder por um gol de diferença, desde que marque gols. Se o placar da primeira partida se repetir, mas a favor dos potiguares, a decisão vai para os pênaltis. O momento é de mostrar equilíbrio e calma.

Isso porque o time celeste vem de duas derrotas e vive um momento no qual sente a falta de peças importantes no esquema de Marcelo Oliveira e, também, o cansaço físico, nítido nos atletas, causado, principalmente, pela sequência pesada de partidas em setembro e outubro. Em Natal, o Cruzeiro não terá, mais uma vez, Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart. O primeiro está com a Seleção, enquanto o segundo ainda se recupera de lesão na coxa esquerda.

Juvenílson de Souza, preparador físico do Cruzeiro, explica que, por causa da sequência de partidas, não é possível realizar o trabalho ideal em termos de recuperação do atleta.

- O desgaste físico já iniciou, nós estamos tendo que superá-lo. E ele vai continuar, porque você não tem um período que possa recuperar toda a equipe. Você vai recuperando parcialmente alguns atletas e isso é uma habilidade que vamos ter que ter, para poder monitorar bem os atletas que estão condição melhor de recuperação em função daqueles que não estão sugerindo ao Marcelo, em relação às possíveis trocas.  

Peças importantes no esquema de Marcelo Oliveira, Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart têm feito falta, fato reconhecido pelo treinador. Insatisfeito com o desempenho do time diante do Corinthians, na quarta-feira ele fez modificações no meio para o jogo de domingo com o Flamengo, escalando três volantes e retirando Marlone e Willian da equipe. Além de Ribeiro e Goulart, Júlio Baptista tem não prazo para voltar a atuar. O meia é o terceiro jogador que mais fez gols na temporada pelo Cruzeiro e poderia ser uma opção na armação. Quem ainda permanece no time é Marcelo Moreno que, entretanto, vem sendo poupado de alguns treinamentos, por causa do cansaço físico.

Apesar do desgaste dos jogadores, o preparador físico acredita que o clube vem fazendo um bom trabalho em termos de recuperação dos atletas. Afinal, comparando a outros times, o Cruzeiro tem poucos jogadores no departamento médico.  

- Você tem que olhar o seu trabalho. Mas fazendo um paralelo, nosso saldo é muito positivo, temos um índice baixo de lesão, porque o calendário é assim e muito por causa disso. O Marcelo tem aceitado essas sugestões e também porque os critérios de monitoramento são muito efetivos, o que nos dá um retorno interessante para poder, com aquele atleta que está em um momento de alto desgaste de lesão, você poder tirá-lo da partida e recuperá-lo para que ele possa estar à disposição para a próxima.   

Sequência

Historicamente, o número de partidas dos times brasileiros é maior entre os meses de setembro e outubro. Até o fim deste mês, o Cruzeiro terá feito 17 partidas nos últimos 60 dias, média de quase uma partida a cada três dias, o que não permitirá que o técnico Marcelo Oliveira treine da melhor maneira possível a equipe.

A sequência de partidas é mais uma barreira para o time celeste conquistar a Tríplice Coroa pela segunda vez, assim como aconteceu quando foi na primeira vez em 2003. No ano passado, quando foi campeão brasileiro, o Cruzeiro foi eliminado logo nas oitavas de final da Copa do Brasil, mas nem por isso a equipe escapou também de uma sequência desgastante, mesmo atuando apenas pelo Brasileiro.  

A situação não aconteceu no primeiro semestre, já que o Cruzeiro atuou em apenas quatro rodadas do Brasileiro, dividindo as atenções com a Libertadores. Em três rodadas, inclusive, atuou com um time misto. A equipe só voltou a jogar em outra competição, que não fosse o Brasileirão, no final de agosto, quando enfrentou o Santa Rita-AL pelas oitavas de final da Copa do Brasil.